segunda-feira, 25 de julho de 2011

Barba






Eu queria ter uma barba. Pronto, falei. Esse desejo, que surpreende a maioria das pessoas, só pode ser verdadeiramente compreendido por aqueles que, como eu, faltaram no dia em que Deus distribuía pelos faciais. A questão é que a barba é não apenas um símbolo de hombridade extrema, mas também um dos poucos acessórios estéticos que um homem pode lançar mão sem perder para sempre o respeito dos seus pares. Afinal, homem que é homem não sai por aí pintando cabelo, botando lente de contato e dando chapinha no cabelo. E ser ou não gay não tem nada a ver com isso. É que simplesmente essas frescuras não caem bem em um homem, independente da orientação sexual. Renato Russo era um ótimo exemplo disso. O líder da Legião Urbana costumava ostentar uma barba que comunicava suas emoções mais profundas, quase tanto quanto as letras das suas músicas. Já quando, vez ou outra, surgia sem sua indefectível cabeleira facial, Russo praticamente não era reconhecido pelos fãs, possivelmente confundindo-o com o roadie da banda e tratando com o respeito equivalente. Para efeitos de comparação, vamos observar as duas fotos a seguir.

O cantor, apresentando uma barba de proporções bíblicas, seguro de si e no auge da carreira. Parece dizer apenas com o olhar “Sou cantor, poeta, dou o rabo com uma frequência até certo ponto alarmante e tenho uma barba digna. E você?”.




Ele já usava uma camisa com estampa de Maria Gadú antes de ela nascer.



Já nessa outra imagem, o artista aparece de cara limpa e aspecto definitivamente doentio. Não parece o líder de uma das maiores bandas de rock do Brasil e sim um estudante de informática que complementa a renda vendendo bíblias de porta em porta, cultiva há anos um relacionamento amoroso com seu travesseiro e, possivelmente, sofre de algum retardo mental e/ou desvio sexual.



"Uma festa? Posso levar meu travesseiro?"




Para os que ainda duvidam da barba na composição estética dos grandes mitos, basta tentar imaginar, por breves e angustiantes segundos, alguns dos maiores ícones da humanidade com o rosto obscenamente desprovido de pelos. O que seria de figuras como Che Guevara, Fidel Castro, Wolverine, Papai Noel, Osama Bin-Laden, Lula, Eufrazino Puxa-Briga, ZZ Top, Pedro de Lara, Jesus Cristo e Frida Kahlo? Apenas pálidas e intermitentes sombras nas recordações das pessoas.

E, contudo, existem aqueles que discordam dessa verdade irrefutável. Pior ainda são aqueles que, abençoados com uma barba vasta e honrosa, insistem em raspá-la, criminosamente extinguindo dos seus rostos esse símbolo da aliança entre Deus e os homens. Para os imberbes como eu, nada é mais irritante do que encontrar algum pagão de cara escanhoada e ouvir algo como “Você que tem sorte, não precisa nem comprar gilete. Já eu preciso fazer a barba três vezes ao dia e à noite não consigo dormir com o barulho dela crescendo”. Esses infiéis desperdiçam seu dom divino e ainda afirmam invejar os deficientes capilares que, como eu, são incapazes de cultivar um mísero cavanhaque.

E é nesse momento que se faz necessário reconhecer a parcela de culpa feminina nessa inversão de valores. Que homem já não foi ameaçado pela sua companheira caso insistisse em manter sua barba junto com a sua masculinidade? Quantos camaradas, aterrorizados pela perspectiva de uma greve de sexo por tempo indeterminado, se emascularam com uma navalha, creme e loção barata? O que, afinal, as mulheres têm contra a abundância de pelos faciais de alguns homens mais afortunados? Seria uma recordação genética impressa em seu DNA e multiplicada por seus cromossomos, herança dos tempos das cavernas quando os homens possuíam barba, clava e muito mais atitude do que os seus descendentes? Ou seria uma mera demonstração de crueldade coletiva, as mulheres buscando humilhar os homens e evidenciar ainda mais a sua supremacia no relacionamento? Pouco importa. Enquanto os homens seguem desperdiçando perucas e mais perucas faciais com vistas a se encaixar no conformismo estético criado e mantido pelas mulheres, o mundo vai decaindo em uma espiral de desespero, frustração e indignos rostinhos de bebê. E Deus finalmente perdeu a paciência com o descaso dos seres humanos por suas dádivas, fazendo com que aberrações imberbes como eu sejam cada vez mais comuns. O apocalipse já começou e a face dele nos foi revelada.



ARREPENDEI-VOS! Hmm. Pensando bem, eu pegava.



Agora reclame da barba do seu namorado.


11 comentários:

  1. Não reclamo de barba; acho até bonito, quando é bem cuidada. Mas acho o fim bigode puro ou cavanhaque.

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  2. Pois é, e o bigode estará no próximo texto!

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  3. Vale ressaltar que eu NUNCA reclamei da barba do meu namorado!
    (morri de rir aqui, sério mesmo!)

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  4. hahaha, vou mandar p meu barbudo!

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  5. Bigode é u ó! Adoro barba e adoro a possibilidade do cara ser dois: um com barba e outro sem.
    Finjo estar com 2! ahahahahahah ;P

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  6. É, companheiro. Já se foi o tempo em que para fechar um contrato bastava o cidadão casar um fio de barba ou bigode na mesa e mais nada.

    Ass: Mauro, o galhofeiro também imberbe.

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  7. Haha não curto a barba! Pronto, falei! Arranha o rosto de meninas com a pele sensível feito eu! hahaha..é a fresca...(mas é verdade!!)

    ;P

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  8. O melhor comentário ( e mais sincero) foi o de µαri µαtos: ter dois homens num só, como eu nunca havia pensado nisso? Pena que eu mesmo não posso oferecer essa possibilidade, sou sempre o mesmo, de cara lisa.
    :(

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  9. Entre as personalidades barbáricas você esqueceu de citar Caminero. Seria inveja?

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  10. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Muito bom!!! Pô, acho q sou a unica mulher da face da terra que AMA homem de barba!

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  11. Sério, não há nada mais charmoso do que a barba! :}

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Vai, danado, reclama!