Tenho dificuldade para confiar em pessoas que não gostam de animais. Para mim, muito da personalidade de um indivíduo pode ser adivinhada pela frase “Bichos? Detesto”. O medo eu até entendo. É uma coisa instintiva, primal. Incontrolável. Nossos antepassados passaram gerações levando carreira de tigres dentes-de-sabre e iguanas um pouco mais agressivas. Tudo bem ficar meio ressabiado ao se aproximar, digamos, da jaula do urso no zoológico. Ou do leão. Ou até do babuíno. Não confio naquelas bundas vermelhas. Já a velhinha que entra em pânico com a improvável possibilidade dos funcionários locais gritarem “Corram todos, a lhama fugiu!” provavelmente já deu tudo o que tinha que dar nessa vida. O que quero dizer é que o medo de bichos selvagens, até certo ponto, eu ainda compreendo. Mas de cães? Gatos? Calopsitas, meu Deus? Que mal uma calopsita pode fazer, além de humilhar a humanidade com sua coordenação motora perfeita e seu gingado sobrenatural?
Primeiro elas aprendem a dançar. Depois, roubam as nossas mulheres.
E também não boto fé nesse povinho que se diz amigo dos animais, mas que esconde um coração preconceituoso. Sim, odiadores de gatos, é com vocês que eu estou falando. Esse pessoal incita a cizânia no reino animal, levantando falsos e espalhando boatos infundados sobre os felinos. “Ah, o gato não gosta da pessoa, só da casa”. “Gato é um bicho traiçoeiro”. “Gatos tentam roubar a sua alma enquanto você dorme”. Provas. Quero provas. Tirando o lance de roubar almas. Isso já foi comprovado. Mas a verdade é que a maioria das pessoas tem medo da independência dos gatos. Como se sentir confiante com um bicho que arruma comida sozinho, consegue se locomover em praticamente qualquer superfície, sai sem avisar, toma banho sem ajuda e, ao que tudo indica, é capaz de enxergar, se comunicar com e, por que não, controlar os espíritos dos mortos? Só porque o bicho tem uma ligação direta com satanás, não quer dizer que não seja boa gente. Algumas pessoas de fato amam animais, ponto. Outras querem apenas um ser vivo para cuidar, dependente, fazendo com que sintam úteis. Vivas. Aí o bicho vira uma muleta, uma válvula de escape e uma terapia, na melhor das hipóteses.
Eu sempre amei animais. Nunca me senti o dono de nenhum bicho. A relação sempre foi de uma espécie de parentesco escolhido. Por isso, nunca tive problemas em conversar, brincar, ensinar, aprender e viver com os bichinhos. Me apego com facilidade a eles e a minha última e mais duradoura amizade foi com uma cachorrinha chamada Sherry.
E é a história dela que eu vou contar a vocês.
E vaca?
ResponderExcluirChurrasco, oi?
ResponderExcluirVerdade!Amá-los e respeitá-los,sempre ;D
ResponderExcluirUma frase que adoro sobre gatos e que queria ter sido autora dela: "Gatos amam mais as pessoas do que elas permitiriam. Mas eles têm sabedoria suficiente para manter isso em segredo"
Mary Wilkins
Adorei o texto.
:*
Que lindo, Fred :)
ResponderExcluiré até bom ler isso poucos dias depois da morte da minha querida querida gata Morli que amei muito. Pra meus pais com que ela viveu pra mais de 12 anos não é menos duro (em especial pro meu pai que nunca vi chorar - só essa vez que minha mãe era testigo dele ter olhos bem vermelhos).
Bichos viram-se membros da familia, é simplesmente assim (pra as pessoas que amam-os)e é tão triste quando eles têm que ir.
Churrasco? Aff, já quer me por no fogo! Mainha, socorro!
ResponderExcluirSherry morreu, Fred? Me lembro muito de um dia na praia que eu saí correndo em direção ao mar e ela veio junto, numa carreira danada... só que eu parei e ela não! A coitada tomou um banho e um susto! Lembro que ela era muito cheirosa :)
ResponderExcluirVou te dizer uma coisa... só gosto de animais dos outros (e se forem bem cuidados). Não sirvo para tomar conta nem de plantas... Coisa de vocação e paciência, que me faltam. Será... que não sou uma pessoa confiável...???
Tatiana Caputo.