sexta-feira, 11 de junho de 2010

Constrangimento sanitário II




Extremos esses que, para muitos, são preferíveis ao constrangimento público. O que me lembra a história, dizem que verídica, do cara que foi conhecer os sogros. Parece que se passou aqui no Recife mesmo onde, afinal de contas, tudo acontece, mas poderia ter sido em qualquer lugar. As boas histórias são, enfim, atemporais e independentes de limitações geográficas. Então. Haviam começado a relação há pouco tempo, estavam bastante apaixonados e o rapaz havia sido convidado a conhecer os progenitores da namorada em um jantar na casa da mesma. Um pouco nervoso, mas confiante, colocou sua melhor roupa, pensou em elogios para a comida da sogra, preparou comentários positivos acerca do time de futebol do sogro, levou uma rosa e se dirigiu ao fatídico banquete.
Lá chegando, causou uma ótima impressão e até riram de suas piadas ensaiadas. Depois de um ótimo jantar, reuniu-se com a namorada e sua família na sala de estar e seguiram conversando sobre amenidades. Tudo ia bem, até que o rapaz sentiu uma pontada na altura das costelas. Algo no banquete não lhe havia caído bem. Respirou fundo e tentou se concentrar no que o pai da sua namorada falava acerca dos benefícios de uma apólice de seguros. Mais uma pontada, violenta, quase lhe faz saltar do sofá. Já bastante alarmado, o namorado cautelosamente descruza as pernas e se pergunta se seria possível inventar uma desculpa plausível, voar escada abaixo, atravessar a cidade de ônibus e chegar em casa, evitando assim um desastre. Impossível. Com a testa porejada de suor, percebe que sua única chance é se utilizar do banheiro da casa da namorada, da forma mais discreta possível. O rapaz pede licença e se retira para o sanitário, caminhando à uma velocidade inversamente proporcional à sua urgência. Finalmente chegando, tem tempo apenas de sentar-se, baixar as calças e deixar a natureza agir da forma mais rápida e discreta possível. Aliviado, estende a mão para a direita em busca do papel higiênico e, ao fazê-lo, sente um terror gelado descendo pela sua espinha.
Não havia papel.
Sentiu uma súbita fraqueza em suas pernas, mas forçou-se a ficar de pé e procurar um rolo sobressalente. Nada. Desesperado, chegou a considerar a janela como uma rota de fuga, mesmo estando no terceiro andar. Mais tarde, poderia elaborar uma história qualquer acerca de abduções alienígenas para justificar seu desaparecimento do banheiro fechado. Foi então que lhe veio a idéia, Se não podia usar papel, ao menos poderia se lavar. Pensou no chuveiro, mas seria difícil imaginar um motivo para justificar seu uso e todos o escutariam da sala. Restava a pia. Desajeitadamente, conseguiu subir no balcão e, de maneira bastante precária, alcançar a torneira. Mais calmo, procedeu à tarefa de se lavar, já imaginando que a noite, junto com sua dignidade, poderia, afinal de contas, ser salva. Foi então que escutou um estalo seco. Assustado, olhou ao redor, mas não conseguiu atinar para a fonte do barulho. Mais um estalo, dessa vez bem mais alto que o anterior. Apressou-se. Já havia quase terminado o procedimento quando a antiga pia de granito finalmente cedeu sob seu peso. Com um estrondo ensurdecedor, balcão, pia e bunda foram ao chão. A família, já um tanto nervosa com a prolongada permanência do rapaz no sanitário, saltou do sofá em um movimento sincronizado. O sogro, preocupado, esmurrou furiosamente a porta do banheiro, sem obter resposta.   Decidindo por uma ação mais enérgica, o homem decide aplicar um pontapé na porta, que se abre com estardalhaço, pedaços de maçaneta e lascas de madeira voando por todos os lados. Dentro do banheiro, o rapaz encontrava-se desmaiado, as calças arriadas até a altura dos joelhos e um imenso corte atravessando ambas as nádegas horizontalmente, criando uma espécie de X em seu glúteo. Horrorizadas, namorada e sogra observaram enquanto o rapaz, que sangrava profusamente, era enrolado em uma toalha e levado para o pronto-socorro pelo sogro. Três dias e 27 pontos depois, o namoro, compreensivelmente, chegava ao fim. E assim, ficamos com uma importante lição claramente ilustrada pela história.
Nunca, jamais use um banheiro que não seja o seu.

3 comentários:

  1. Humm! Conheço a história. E ela me lembra aquela do cara que foi almoçar na casa da namorada e serviram fígado, coisa que ele odiava. Com vergonha, não falou nada. Estava sentado de costas para uma janela grande e elaborou um plano. Em determinado momento, quando todos na mesa estavam distraídos com algo que passava na TV, o miserável espetou o fígado com o garfo e atirou para trás com força, tentando se livrar daquele alimento, para ele, insuportável. Só que a janela estava fechada, e o fígado bateu no vidro e caiu no chão, depois de ter sujado tudo.

    Ass: Mauro, o rei da galhofa que hoje come de tudo!

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    só tem dooooido!

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  3. Dizem quem é verídica né?
    Er...
    Poxa, Fred! E ficou a cicatriz? Hohohoho.
    :P

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Vai, danado, reclama!