sábado, 20 de março de 2010

Shoping RioMar



Lembram da minha reclamação em relação à merda que tão querendo fazer na tamarineira, né? Pois naquele post eu perguntava se a cidade, afinal, comporta mais um shopping Center.
Que tal dois então? Está em estudos a construção do shopping RioMar, lá no Pina, onde era a fábrica da Bacardi. Os detalhes da obra vocês podem conferir nesse link:
Não sei se rola mais um shopping na cidade, especialmente na já bem inchada Zona Sul. Mas essa é uma obra que tem meu apoio. Porque tão me pagando pra fazer a propaganda? O caralho que tão. Mas é só que a fábrica da Bacardi tá desativada faz tempo e, como vocês já devem ter adivinhado, não chega nem perto de ser uma edificação de interesse patrimonial histórico, como acontece com o Hospital Ulysses Pernambucano. Ou seja, é só um terreno enorme já com coisas construídas nele, que seriam demolidas e substituídas pelas instalações do shopping. Ia empregar a população da beira-rio da área do Pina, gente que precisa de emprego e que ia se beneficiar muito de ter aquela área valorizada. Ia ter mais investimento em saneamento, segurança, calçamento, iluminação, enfim, essas besteirinhas que diferenciam um bairro de uma favela, por exemplo. Além do que, ia apressar as obras da lendária via-mangue e melhorar o acesso ao Parque dos Manguezais. Ou seja, é uma obra que faz sentido, diferente do estupro imobiliário que á a proposta do shopping lá na Tamarineira.
Não sou particularmente a favor da construção de shopping centers, mas se eles têm que ser construídos (e serão), que seja numa área que realmente vá beneficiar a população nos seus arredores, sem precisar, para isso, desmantelar hospitais públicos e prédios tombados. E, francamente, com a construção de um monstrinho desses no Pina, tem necessidade de um outro lá na Zona Norte? Tomara que os especuladores da Tamarineira vejam essa notícia e pensem “Bem, a gente se fudeu, não dá pra competir com isso”.
Seria melhor pro bolso deles e pra vida dos cidadãos do Recife.

Senac II




Nada é mais amargo do que ter que admitir a derrota. Eu sei. É pra se fuder. E eu que achava que tinha botado moral da última vez que tinha me aventurado pelo SENAC. Devia ter desconfiado que uma instituição tão maligna não ia deixar barato meu ato de rebeldia. E, por Deus, foi o que aconteceu.
Primeiro dia de aula, bora ver qual é. Chega eu, Chega um aluno. Um casal. Mais duas pessoas. Beleza, ainda dá pra ter aula. Mais um. Outro. Uma véia. Outra véia. Putamerda, quanta véia. Outro cara. Quando dou por mim, a cozinha parece mais ônibus de periferia na hora do rush. Lógico que não dá pra todo mundo botar a mão na massa ou no peixe ou o quer que seja desse jeito. Tem espaço nem pra chegar perto da mesa. Fica aquela mundiça ao redor do professor e todo mundo se espremendo. Fui molestado uma ou duas vezes nessa brincadeira e tenho certeza que foi uma das véias. Tá, tenho um problema com véias, foda-se. Se não tem nem espaço pros alunos e suas respectivas dignidades, que dirá então de material suficiente. Não tinha touca. Sério, touca, tipo, pra não cair cabelo no sushi, sabe? Legal é o aviso fixado numa das paredes de lá:

Seria risível, se não desse tanta raiva. Passa pro segundo dia, de repente as coisas melhoram.
Não, não melhoram, lógico. O professor pede peixes frescos, de boa qualidade e em quantidade suficiente pra que todos os alunos possam trabalhar. O que o SENAC tem a capacidade de entregar é mais ou menos isso que tá na foto ai embaixo:

Não é o mesmo, mas é quase. Eu apelidei ele de O Faraó. Duvido que o SENAC compre peixe na peixaria. Devem ter desenterrado aquele que a gente teve que usar de algum sítio arqueológico, lá no Boqueirão da Pedra Furada. Quero minha certificação de paleontólogo, porque nesses últimos dias trabalhei com muito fóssil.
Terceiro dia. Todos trabalhando. O professor, seu Yoshi, faz o que pode com o que tem em mãos, mas fica difícil quando quase nada do que você pede de material aparece. Não tem arroz o suficiente. Não tem peixe o suficiente. Não tem gergelim o suficiente. Não tem consciência o suficiente da parte do SENAC. Bobos somos nós, que pagamos 120 reais por cabeça e ainda ouvimos, de passagem, gente da coordenação de lá comentando que “não é necessário que todos os alunos pratiquem na hora, a maioria pode apenas observar”.
Mais um supositório de humildade bem aplicado em mim. Mas isso não fica assim. Ainda vou ter minha vingança. Mas por enquanto, vou engolindo a derrota.
SENAC 2 X 1 Fred.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Lixo

Na minha opinião, não existe desculpa pra se jogar lixo na rua. A não ser que você seja vítima de um terrorista que ligue pro seu celular e diga “Jogue lixo na rua agora ou eu envio sua mãe pra sua caixa de correio, um pedaço de cada vez”. Aí, sim, eu libero. Senão, eu acho uma filhadaputice sem tamanho. Sério, o que leva um ser humano a simplesmente jogar a merda do lixo na rua? Dói segurar um pouco até achar uma lixeira? Todo mundo reclama que o governo não age como um governo de verdade deveria agir, com dignidade e respeito. Pois eu digo que são os poucos os que se portam como cidadãos verdadeiros, o que deixa uma boa parcela da população sem moral nenhuma pra falar mal do que quer que seja. E que ninguém venha me falar que é problema de educação básica. Espere 10 segundos em uma parada de ônibus no centro da cidade e veja uma pessoa qualquer jogar lixo na rua. Encontre essa mesma pessoa no dia seguinte e pergunte a ela, como se fosse uma pesquisa pra um jornal “O que você acha das pessoas que jogam lixo na rua?” Essa pessoa vai responder que acha um absurdo jogarem lixo na rua. Um verdadeiro crime. Mas continua jogando. Por que?
Safadeza.
Safadeza sim, sinto muito. TODO MUNDO sabe que é errado jogar lixo na rua. TODO MUNDO sabe pra que serve e como funciona uma lixeira. Assim como você come um pedaço bem gorduroso de bacon e sabe que aquilo vai te fazer mal, mas simplesmente finge que não é com você, o mesmo acontece com quem joga lixo no chão. Sabem que é errado, que aquilo prejudica todo mundo, inclusive elas próprias. Mas fingem que não é com elas. Foda-se. Pra gente se enganar, qualquer desculpa serve. Uns vão dizer que, se todo mundo jogar o lixo na lixeira, os garis vão ficar sem emprego, coitados. Vai tomar no cu, né? Outros afirmam que já têm problemas demais em suas vidas. Porra de me preocupar com lixo, já tenho aluguel, IPTU, passagem e três amantes pra encher minha cabeça, tá pensando que é moleza? Outros gostam de pensar que, afinal de contas, tem gente cujo trabalho é esse mesmo, recolher o lixo. Está abaixo delas se preocupar com essas coisas. Heranças do colonialismo. E tem aqueles que reclamam que simplesmente não existem lixeiras suficientes. Não justifica, claro, mas ao menos existe um fundo ai de verdade. Infelizmente, andar pelo Recife é dar de cara com um desfile de lixeiras banguelas, como essa ai embaixo.



O brasileiro, escroto que só ele mesmo, sempre dá um jeito. Essa lixeira ecológica estava bem ao lado da banguela, lá naquela pracinha semi-abandonada em frente ao aeroporto:



Isso é errado em tantos níveis diferentes que nem sei por onde começar. Sério. Estilei.

Árvore-lixeira é pra se fuder.

terça-feira, 16 de março de 2010

Aprendendo japonês


Lembram quando eu reclamei que aprender alemão era difícil e tudo mais? Esqueçam isso. Agora inventei de aprender japonês e retiro tudo o que eu disse anteriormente. Alemão é facinho, uma delícia. E daí que as casas dos números são invertidas, os substantivos declinam junto com os verbos, os artigos não possuem lógica e que é possível sair juntando palavras até formar uma só com cerca de 17 metros de extensão?
Pelo menos os alemães usam a porra do alfabeto grego!
Velho, só depois de estudar uma língua de raiz diferente da maioria dos idiomas ocidentais é que a gente vem apreciar de verdade o velho ABC. Você pode até reclamar das regras malucas e da pronúncia escrota de outras línguas enquanto tenta aprendê-las, como inglês, francês, espanhol, alemão ou italiano. Mas ao menos você reconhece a merda das letras. Um C é um C em português, inglês ou espanhol, só pronunciado de um jeito diferente. Sabe o que um C significa em japonês?
Pica.
Não, idiota, não a palavra “pica”. Quero dizer que não significa pica nenhuma. Nada. Ou melhor, até significa. Os caras sofreram lá suas influências ocidentais, então eles aprendem o alfabeto grego desde crianças na escola. Em poucos anos, ou meses, dependendo da criança, já tão usando o nosso alfabeto ocidental sem problemas. Já a minha professora de japonês falou, com um sorriso triste e um olhar de cansaço, que ainda está aprendendo todas as formas escritas da sua própria língua.
Ela tem mais de 20 anos. É japonesa nascida e criada.
Ah, sim, vocês leram certo. Formas de escrita. No plural. Veja a forma hiragana:

Já é ruim o suficiente quando você tá tentando desesperadamente aprender todo um conjunto novo de símbolos que não tem nada a ver com qualquer coisa que você já viu na vida. E aí, os japoneses enfiam a katakana no seu rabo. Katakana não significa “grande consolo oriental sem saliva”. É apenas mais uma forma de escrita, mas saber disso não diminui em nada a dor da butada. E pense na butada:

Não satisfeitos, os japoneses acharam por bem inventar mais uma forma de escrita, o kanji. É a mais representativa das formas de escrita do Japão e, além disso, 7 em cada 10 tatuagens idiotas por aí é um ideograma do kanji, freqüentemente escrito de forma incorreta. Sugiro fortemente a qualquer pessoa que decida tatuar um kanji que ao menos estude pra ter alguma noção dessa escrita ou pode acabar com um “me coma” gravado pra sempre no rêgo, quando pensou que era o ideograma da paz, prosperidade ou alguma outra viadagem dessas. Fazer uma tatuagem que mostra que você é desprovido de originalidade é uma coisa, ser escrotizado eternamente em uma língua estrangeira é outra bem mais séria. Pra dar uma colher de chá, lá vai uma amostra dos kanji:

Estilou? Eu também. E como além de não botar cuspe, os japoneses ainda jogam uma areiazinha de leve, fique sabendo que eles ainda têm mais uma forma de escrita, a rōmaji que, ao menos na aula que eu freqüentei, não foi mencionada porque a professora provavelmente pensou “foda-se, se eu tentar ensinar mais alguma forma escrita pra essa galera, eles vão dar um gererê em mim”. Além disso, como eu falei, o nosso alfabeto grego é utilizado, bem como o nosso velho conhecido sistema indo-arábico de numeração. Você pode até pensar “Há, se fuderam! Vou me concentrar em aprender só uma dessas formas escritas e ignorar as outras, já tá bom demais!”.
Vai nessa, otário.
Malévolos que são, os japoneses freqüentemente misturam TODAS essas formas de escrita em um mesmo texto. Às vezes numa mesma frase. A Wikipédia dá um exemplo perfeito do sadismo oriental:
ラドクリフマラソン五輪代表1m出場にも
Radokuriffu, marason gorin daihyō ni ichi man meetoru shutsujō ni mo fukumi
"Radcliffe, representante olímpico na maratona, também participa na prova dos 10.000 m"

Pois é. Em suma, o fumo é total e generalizado, virtualmente impossível de ser escapado. Vocês já viram um homem adulto chorando de desespero? Pois era só ter dado uma chegada lá na sala de aula hoje. Mas não vou desistir. De repente eu levo jeito pra coisa e acabo aprendendo mais do que imagino. De uma forma ou de outra, de uma coisa eu tenho certeza.
O primeiro filho da puta que chegar perto de mim reclamando que inglês é uma língua difícil leva um murro nos peitos e um chute no ovo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

As calçadas do Recife

Nada como um pouco de reclamação estilo utilidade pública. E pra isso, falemos de um assunto que atrai o interesse de todos: buraco. Sim, buraco. Você se interessa por isso. Todo mundo se interessa. Não, não desse jeito que você está pensando, seu pervertido.
Estamos falando, nesse contexto, de buracos na calçada. Pra não polemizar, vamos considerar que qualquer falha em uma calçada, seja ela um buraco propriamente dito ou uma rachadura, um ladrilho faltando, enfim, qualquer merda que possa fazer sua avó tropeçar e quebrar a bacia, é efetivamente um buraco. Como esses que eu tenho o desprazer de mostrar abaixo. Foram todos flagrados em uma MESMA calçada. Em Boa Viagem, bairro de rico, segundo me disseram. Deleitem-se:




Legal, né? O melhor é que, aparentemente, as pessoas adoram usar os buracos de calçada como depósito de lixo, juntando o seboso ao irresponsável, dessa forma criando uma nova categoria de desgraça urbana: o lixão de calçada. Mas eu sou maldoso. De repente, sei lá, as pessoas fazem isso pra juntar o lixo todo num lugar só e facilitar o trabalho dos varredores de rua. Ou então, serve pra amortecer a queda inevitável do cidadão que vai por ali distraído e, em vez de aterrissar no chão duro, vai parar numa pilha de nojeiras das mais variadas procedências. Eu adoro o ser humano.
A partir daí, passamos à pergunta-chave desse texto:
Por que caralho de asa voando tem tanto buraco nas calçadas do Recife?
Simples. Pura falta de fiscalização. Como já andava intrigado com essa questão já há alguém tempo, resolvi concentrar todo o esforço do meu Departamento Jurídico (Nathália) pra apurar de quem é, afinal, a responsabilidade pelos buracos nas calçadas. E a resposta é que, salvo em casos extremos, quando por exemplo Pernalonga derruba um piano ou um cofre da marca Acme em cima de outro personagem de desenho animado, causando uma cratera na calçada, a responsabilidade é do proprietário do imóvel, seja dono único ou, como é mais comum, do condomínio do prédio.
De maneira que a prefeitura poderia, teoricamente, mandar todo mundo consertar essa buracada toda nas calçadas. O valor seria irrisório pra maioria dos condomínios e até mesmo pros proprietários de casas. A vantagem seria inestimável, pra todo mundo. Chega de topadas, unhas encravadas, calos de sangue, quedas ridículas sendo filmadas por celulares e câmeras amadoras e postados no youtube. Nada mais de tropeçar imbecilmente na frente das boysinhas ou ter que dar banho na sua avó acidentada. E, de maneira geral, caminhar com tranqüilidade pelas calçadas da sua cidade, do jeito que deveria ser e não como num jogo de Moon Patrol. É pedir demais?
Quem sabe daqui pra Copa a prefeitura não acorda pra Jesus e passa a fiscalizar a coisa de forma efetiva e duradoura? Senão, o que a gente mais vai ver nos noticiários é as filas de gringos nos hospitais da cidade. Não, dessa vez não porque levaram bala numa tentativa de assalto.
Vai ser tudo por causa de topada mesmo.