sábado, 22 de maio de 2010

Inferno católico


Reclamar, como se sabe, é um exercício intelectual altamente democrático e, principalmente, personalizado. Tem gente que briga com os vizinhos, grita com os colegas de trabalho. Outros juntam os amigos, confeccionam cartazes e saem pelas ruas em protesto contra o que quer que seja. Tem gente até fazendo isso através de Blog. Cada um desses estilos possui mérito próprio e, dependendo de como é realizado, diferentes níveis de eficiência. Contudo, poucos tipos de reclamação são tão eloqüentes e elegantes quando a reclamação silenciosa. Foi a um protesto assim, sem palavras mesmo, que os estudantes da Universidade Católica de Pernambuco aderiram. Pagando a bagatela de R$ 800,00 de mensalidade, em média, para poder estudar por lá, os alunos encheram o saco de desembolsar tanto e receber tão pouco em troca. Coisinhas básicas, como ar-condicionado, por exemplo, estão ausentes da Católica recifense. Não se sabe bem para onde vai o dinheiro dos estudantes, já que ninguém vê grandes investimentos estruturais e de equipamentos. Sabe-se também que os professores, coitados, nem ganham tão bem assim. E todos concordam que é meio esquisito ver os padres da Universidade para cima e para baixo em Mercedes e BMWs. Mas tudo bem. Se isso faz com que eles se distraiam e evitem comer criancinhas, já é um dinheiro bem investido. Quanto à reclamação, esta foi capturada em vídeo e você pode ver abaixo:
Pois é. Pena que tão pouca gente se juntou ao movimento. Se todo mundo passasse a freqüentar as aulas com as roupas de baixo, talvez os padres resolvessem andar de Uno e investir mais na infra-estrutura da própria Universidade. Sem falar que as aulas por lá iam ser muito, mas muito mais animadas e, especialmente, concorridas.
Agradecimentos à amiga Fátima Germana pela dica do vídeo e um abraço a todos os que, por algum motivo, são obrigados a freqüentar a Católica e sofrer com o calor e com a companhia dos padres pedófilos motorizados.

Just




Você já ouviu falar de Maristela Just? Eu também não, até poucas semanas atrás. Ela é mais uma das esquecidas pela Justiça brasileira. Maristela foi assassinada pelo marido José Ramos Lopes Neto em 1989, aqui mesmo no Recife, com um tiro na cabeça. Ele também baleou os dois filhos pequenos, Zaldo e Nathália, na época com 2 e 4 anos e meio, respectivamente.  O assassino não se satisfez em alvejar toda a sua família. O irmão de Maristela, que estava lá na tentativa de salvar a irmã e os sobrinhos, também foi atingido. Sobreviveu, assim como as crianças. Maristela não teve a mesma sorte. O motivo do assassinato não foi por ciúmes, suspeitas de traição ou algo assim. Não. Essas foram apenas as desculpas arranjadas por José Lopes para justificar seu crime.
Maristela morreu porque seu marido acreditava que sua esposa lhe pertencia.
O assassino acreditava, como muitos homens ainda o fazem até mesmo nos dias de hoje, que Maristela, como um relógio, um carro ou um animal de estimação, era propriedade sua e, portanto, tinha não apenas o direito, mas o dever de matar a esposa, por suspeitar que sua honra poderia estar em jogo. E assim o fez.
Por 21 anos, o assassino de Maristela tem andado solto por aí, como se nada houvesse acontecido. Talvez ele seja seu vizinho. Ele pode até mesmo ser um daqueles velhinhos simpáticos que passam as manhãs jogando dominó na orla de Boa Viagem. Mas isso está para acabar. O caso Just vai, finalmente, a júri popular, após mais de duas décadas de impunidade. E quem tenta fazer com que não esqueçamos um crime tão estúpido são os filhos de Maristela. Através do seu blog, dá para acompanhar todas as notícias relacionadas ao crime que chocou o Brasil, bem como o andamento de todo o processo.
O júri popular é uma oportunidade de reclamar pública e coletivamente. Se você é contra os homens que precisam dominar, humilhar, violentar e assassinar mulheres para poderem se sentir pouco menos mortos por dentro, apareça por lá e acrescente força à reclamação dos amigos e familiares de Maristela.
Justiça para o caso Just.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O monstro do bebedouro


Agora é oficial. Os horrores sobrenaturais que rastejam pelos banheiros da Federal estão se espalhando. Não sei exatamente como essas coisas inumanas conseguem se locomover de um local para o outro, mas sem dúvida o fazem. E, pior, parecem ter uma preferência mórbida por instituições de ensino. Observem o vídeo abaixo, onde eu e minha equipe de filmagem conseguimos documentar, com exclusividade, sons alienígenas ecoando de um dos bebedouros da Fafire.







Sem dúvida, assustador. Evidentemente, não se sabe ao certo o que a criatura estava tentando dizer através desses sons inarticulados. Conhecendo bem as condições de higiene dos bebedouros de universidade, é bastante possível que fosse um pedido de socorro. Mas, sem saber ao certo as intenções da criatura, temos que dar uma de americanos e assumir que ela é hostil até que se prove o contrário. De qualquer forma, o Blog da Reclamação recomenda que seus leitores NÃO tentem capturar ou interagir com a entidade extra-terrena. Nossa filmagem foi realizada por uma equipe experiente de profissionais responsáveis, incluindo eu mesmo, o operador de câmera, o técnico de som, o iluminador, um segurança egresso da casa de espetáculos familiares Talismã e um exorcista alugado. Na dúvida, mantenham-se afastados de banheiros e bebedouros de universidade, até que as autoridades competentes encontrem uma solução para o problema.
Ou seja, só beba água e mije em casa mesmo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sério? Por unanimidade?



E o Ficha Limpa foi aprovado pelo Senado. Por unanimidade, vejam vocês. Minha opinião é que esses políticos andam bonzinhos demais e isso não é normal. Devem estar tramando algum plano de dominação mundial envolvendo a morte de orfãos e exames de próstata mandatórios em toda a população. Só pode ser. Mas, enquanto o apocalipse não chega, ainda falta o presidente Lula assinar e o projeto virar lei de fato. E não seria tarde demais, já que a situação na política estava tão ruim que cerca de 25% dos candidatos atuais já devem retirar suas candidaturas, caso a lei comece a valer para estas eleições.

Bandido na política brasileira? Pois é, tem alguns.

Agradecimentos ao amigo Francisco Fagundes pelo aviso!

Dança das cadeiras


Não, nem sempre a culpa é do ônibus em si. Ou da empresa de transporte público. Ou mesmo da prefeitura. Muitas vezes, todos os citados acima correspondem perfeitamente ao que se espera deles. E assim as coisas deveriam funcionar perfeitamente, não fosse um fator imprevisível, inescapável e, na maioria das vezes, extremamente desagradável: a humanidade de forma geral. Sejamos sinceros. Se você quer que alguma merda grande seja cometida, basta contar com a criatividade destrutiva das pessoas. Você não vê animais por aí fazendo besteira. Os cães fazem os que os cães devem fazer, os gatos idem e o ornitorrinco ri de todos eles porque, porra, ele é um ornitorrinco e já nasceu sem fazer sentido algum nesse mundo. Mas eu divago, incessantemente. Os ônibus e as pessoas, sim.
Hoje em dia, boa parte dos ônibus do Recife estão bem preparados para acomodar pessoas com necessidades especiais, existindo assentos específicos e de fácil acesso para idosos, gestantes, deficientes visuais, cadeirantes, obesos e vendedores de amendoim. O problema, claro, é fazer com que as pessoas, seres humanos que são, respeitem esses lugares, mantendo-os disponíveis para quem realmente precisa. Talvez por se considerarem mentalmente retardados mesmo, a população em geral se acha no direito de ocupar qualquer lugar, um argumento tecnicamente correto até certo ponto, mas ainda assim ilegal. Exemplo disso ocorreu no Setúbal/Cde da Boa Vista, quando um cidadão de cerca de 897 kg se utilizou das cadeiras retráteis reservadas para os acompanhantes de cadeirantes e deficientes visuais. Sabe, aqueles assentos que ficam na parede do ônibus, sem suporte embaixo e aparência bem frágil? Imagine o rabo de um rinoceronte sentado numa dessas. Agora imagine que o rinoceronte é extremamente mal-vestido, fede e escuta pagode alto no MP3 Player. Agora conte até 10 e tente limpar da sua mente dessa visão do inferno. Claro que você não conseguiu, por isso que vou mostrar a imagem capturada no momento em que a pobre cadeira está quase pedindo arrêgo.

Pois é. E a cada solavanco que o ônibus dava, eu podia ver as ondas de choque se espalhando desde a papada do indivíduo, passando pela gordura acumulada nos braços e seios masculinos, atravessando a barriga interminável e chegando à bunda colossal. Sempre que isso acontecia, a cadeirinha cedia mais um grau. Uma situação absurda, mas de fácil solução, uma vez que o ônibus estava equipado com um assento especial para obesos. Que estava sendo ocupado por esse cara:

 Vai ver ele fez cirurgia de redução do estômago e ainda se acha no direito. De qualquer forma, ele parece bem confortável, praticamente ocupando um sofá dentro do coletivo. Faltaram apenas a TV e a pipoca. Malditas empresas de ônibus e sua falta de comprometimento.
Os mais perspicazes vão exclamar nesse momento: “E cadê o puto do cobrador? Por que é que ele não dá um jeito nessa bagunça?”. E a resposta encontra-se abaixo:

Ah, é. Aquele lá é, de fato, o cobrador que se encontra fora do seu lugar de trabalho junto à catraca, ocupando uma poltrona de idosos. Não, é sério.
Seria até engraçado, se não fosse tão corriqueiro.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mal aê III

Pessoal, aquela velha conversinha. Resolvendo um monte de coisa, pouquíssimo tempo pra postar nesses últimos dias. Como sempre, minhas desculpas pela falta de periocidade e a promessa de que vem muita reclamação boa por aí!
Ah, e antes de virem me escrachar, relaxem, contem até 10 e olhem pra foto do coelhinho por 10 minutos.











Pronto. Passou.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Conclamando os fã-clubes



Pessoal, visitem o Assomblog e comentem o conto que eu publiquei por lá! Quem sabe não acaba saindo na coletânea de Histórias Medonhas? Pois é, estou concorrendo a ter o conto publicado no livro! E afinal de contas, cá entre nós, tem coisa mais horrenda que banheiro público?

 Se você concorda que banheiros públicos são lugares de horror e sofrimento, clique aqui e comente no Assomblog!

É isso aí. E se esse conto de terror fizer sucesso, pode até sair mais. A temática? Talvez algo envolvendo Denny Oliveira, Sarney e a entidade do banheiro, todos juntos dentro de um ônibus lotado do Recife.

Mais terror que isso, impossível.

Banheiro público, arte idem


Os que acompanham o Blog há algum tempo já se tornaram cientes dos perigos que aguardam os incautos usuários de banheiros púbicos. De ataque sobrenatural à descoberta de novas formas de vida, tudo pode acontecer. Mas nem tudo é sofrimento, angústia, lágrimas e morte nesses locais. Algumas vezes, o espírito humano tenta lutar contra os horrores dos sanitários coletivos através da criatividade, ainda que de forma um tanto incompetente. Exemplo disso é a porta do banheiro feminino da Fafire, onde a placa que indica o gênero encontrava-se extraviada do seu local original. Alguém, provavelmente uma menina traumatizada pelas histórias dos sanitários do CAC e sem querer correr riscos, apressou-se em improvisar um sinal indicativo, de forma que nenhum membro do sexo oposto desse uma de doido e tentasse entrar:

Tudo bem. Parece mais um pirulito usando um vestido, mas pelo menos as perninhas são grossas. A coisa toda fica um pouco mais grotesca quando se percebe que existe, lá no fundo, um símbolo indicativo do sexo feminino, que seria, certamente, bem mais útil na porta externa do sanitário. Um tanto prosaico, concordo. Faltam curvas. Mas ao menos, pode-se ter uma razoável certeza de que aquilo lá representa uma mulher.
Porém, por mais que a bonequinha desenhada na porta seja horrenda, ela é ao menos simpática. E tem perninhas grossas. Além do quê, pode ser reconhecida como uma figura humana, com um pouco de boa vontade. Mas o que dizer dessa “arte” que apareceu no corredor de armários do CAC, aquele mesmo, o assombrado?

Sem entrar em detalhes acerca do estado mental de quem desenhou esse troço, o que será que ele representa? Seria o portal inter-dimensional que leva até subterrâneo infernal de origem da entidade maldita que habita o banheiro masculino do CAC? Provavelmente jamais saberemos, porque ninguém é maluco de chegar perto demais para descobrir.
E fechando as considerações acerca da “arte” encontrada nos banheiros públicos, deixo com vocês um verso compartilhado pelo amigo Victor Carvalhosa, encontrado por ele em um desses locais de horror e criatividade, cujo autor permanece anônimo, provavelmente por pura vergonha mesmo:
“Cagar é a arte do mundo
 Cagar é a arte do universo
 Caga féla-da-puta
 Que foi cagando que eu fiz este verso.”

domingo, 16 de maio de 2010

Não diga alô, esconda seus filhos.



Muito oportuno o comentário do amigo e leitor Alberto Penaforte. Dentre as aberrações as quais estamos diariamente expostos na TV, uma que se acreditava banida já está com tudo acertado para voltar. Falo do novo programa do apresentador e, nas horas vagas, pedófilo, Denny Oliveira. Pra quem não sabe, nunca ligou uma TV no Recife ou simplesmente fez questão de esquecer, esse foi o cara que, alguns anos atrás, foi acusado de comer as menininhas menores de idade que iam dançar no seu show. É, aquelas de baixa renda, sabe? Que fariam qualquer coisa por uma oportunidade na televisão. Denny, que não é besta e nem é gente, pegava a maioria, muitas vezes lá no camarim mesmo. A coisa toda veio à tona e ele foi chutado da emissora onde trabalhava. Como vivemos em um país no qual, afinal de contas, um camarada como José Sarney é presidente do Senado, Denny taí, de volta.

Clique aqui pra dar uma olhada na página do novo programa do comedor de criancinhas Denny Oliveira. Ou não. Na boa, melhor nem clicar.

Se você se sente minimamente desconfortável pela idéia de ter um pedófilo apresentando um programa na TV pernambucana, mostre este post para todos os que você conhece e boicote essa abominação. Se você já se demitiu da humanidade há algum tempo, não faça nada e nem diga "alô".

Diga "alô, Denny"!

Programa de avó




Passar o dia com a avó pode significar, para alguns, uma viagem emocional pelas avenidas da memória, através de velhas fotografias amareladas, guardadas ciumentamente pela matriarca da família. Para outros, é um festival de pratos culinários com gosto de infância, sempre em porções generosas e irrecusáveis.
Para mim, passar o dia com a avó significa uma coisa: maratona de novelas.
Bom, na verdade também significa vitamina de abacate, mas esse tema eu já abordei. As novelas então. Ela adora. Sério, ela adora de com força. Todas elas, sem exceção. Tirando malhação, claro. Minha avó não é uma adolescente paulista. Também não gosta do Fábio Jr. E tá pouco se fudendo pro filho dele. Nisso eu admiro minha avó. Na questão da tara pelos folhetins da Globo, nem tanto. Mas tudo bem, acompanhar as novelas com a velhinha de vez em quando não vai me matar. Imediatamente. E ao menos, enquanto ela assiste, esquece do mundo e dos abacates da vida. Mas o que ela não consegue deixar de fazer, é me dar a ficha completa de absolutamente todos os personagens que aparecem em cena e um resumo de tudo o que aconteceu desde o primeiro capítulo. Se eu quero ouvir é outra história.
Minha avó: Meu filho, você não tá entendendo nada do que tá se passando, né?
Eu: Oi? É, vó, eu não acompanho a novela, não.
Minha avó: Ah, tem problema não, eu explico pra você.
Eu: Não! Não prec...
Minha avó: Essa menina aí era apaixonada por aquele rapaz lá. Mas aí, descobriram que eram irmãos. Quem veio com essa história foi a galega, pense numa bicha ruim. Aí, eles se separam, mas eles não eram irmãos de verdade. O pai é que tinha tido um caso com a mãe da menina, mas aí ele deixou a esposa pra virar tocador de realejo em Caicó. Quando voltou, se envolveu com essa morena aí, toda bem-feita, que era dançarina do clube onde trabalhava o primo do cientista lá do começo...
Eu: Vovó, eu não me importo, já falei! Pode par...
Minha avó: ...aí o tal cientista fez um clone do pai da menina, só que o clone era ruim, sabe? Então o clone do mal seduz a mãe da menina e eles acabam tendo um filho, aquele do começo. Mas aí, o original morre e vai pro céu, transformado em fantasma. É novela espírita. O cientista toca fogo no laboratório e quem acaba morrendo é o vigia, que na verdade era amante daquela morena bem-feita...
Eu: Putaquepariu!
Minha avó: ...que já tinha deixado de dançar no clube fazia tempo e tinha virado enfermeira. Por coincidência, acaba fazendo o parto da menina, aquela do começo. Só que ela nasce hermafrodita, coitada. Sabe o que é hermafrodita? Pronto, aí elesseconhecemesecasammesmoelasendohermafroditaporqueelessegostavammuitomasotempotodooclonedomaltavaobservandoeleseoscoitadosnãoconseguemterpazporqueagalegaruimquerficarcomomeninoetrabalhaproclonequequeracabarcomavidadosdois...
E ela assim continua, mais interessada em desfiar a vida dos personagens da TV do que em realmente acompanhar a trama. Alheia ao neto soluçando em posição fetal ao seu lado, minha vó exibe uma memória sem dúvida invejável, ainda que um tanto seletiva. Personagem algum escapa do seu escrutínio e todos possuem suas vidas devassadas pelos comentários certeiros da velhinha. Resignado, faço o que posso para emitir pequenos sons de concordância nos momentos corretos ao mesmo tempo em que amaldiçôo toda teledramaturgia brasileira, especialmente a da Globo.
Mas pelo menos escapei da vitamina de abacate.