sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Taras






Nada melhor do que ter intimidade entre quatro paredes. Quando o casal, independente de sua orientação sexual, se conhece melhor e se sente mais a vontade um com o outro, a coisa, por assim dizer, flui com mais tranquilidade. O cara se sente confortável em dar umas palmadas na bunda da companheira, a menina não vai ter melindres em berrar “bate feito homem, cacete!” e todos ficam felizes. O problema é que nós, seres humanos, fomos projetados para perder a noção das coisas. Em algum momento, alguém vai extrapolar o limite do bom senso e o que deveria ser uma atividade no mínimo prazerosa, pode se transformar em uma sessão de exorcismo desprovida tanto de roupas quanto de dignidade. E por mais que a gente deva se soltar nessas horas, um pouco de autocrítica nunca matou ninguém e pode te salvar, no dia seguinte, de uma ressaca moral de proporções bíblicas.



***


- Ai, vem, meu gostoso, tô doida de tesão...

- Olha só, antes de começarmos, eu queria deixar claro que eu topo tudo, tudo mesmo. Frescura zero. Desde que não envolva...bem...coisas invadindo meu ser, sabe?

- Ah, que besteira, você precisa expandir seus horizontes!

- Deus me defenda. Eu uso meu horizonte pra me sentar, então preciso cuidar bem dele. Valeu aí e minhanossasenhoradoperpétuosocorro o que é isso na sua mão?!

- Ai, vai...só um pouquinho...

- Se você tentar chegar perto de mim com essa coisa, eu te mato com ela e alego legítima defesa. Não há juiz no mundo que vá me condenar em vista da situação.

- Mas você pode até gostar!

- Eu NÃO vou gostar! Acabei de deixar claro que não quero nada entrando em mim e você aparece com...com...esse troço aí. Olha o tamanho dele. Nada na natureza é tão grande assim. Por Deus, nada deveria ser tão grande assim! Eu posso acabar perdendo um pedaço do pulmão!

- Se você topar, eu chamo aquela minha amiga, Julinha. A gente pode finalmente fazer aquele men...

- Posso passar lubrificante? Ou vai no seco mesmo?


***


- Eu quero você! Agora!

- Pois eu tô aqui, sou todo seu, vem...

- Eu quero morder o seu pescoço e arranhar as suas costas!

- Vai, sua danada, pode arranhar... morde, de com força...

- Eu quero puxar o seu cabelo e apertar o seu pescoço!

- ...oi? Olha só, puxar o cabelo tudo bem, mas...

- Eu quero morder suas gengivas e arrancar as suas sobrancelhas!

- Certo. Então. Agora tá começando a ficar estranho. Estilei valendo. Se você puder me desamarrar agora eu...

- Eu quero arrancar seus mamilos e depilar o seu saco com cera quente!

- SOCORRO! POR TUDO O QUE É SAGRADO, SOCORRO!

- Eu quero lamber a parte de dentro da sua pálpebra e passar a língua pela sua córnea! Vai, abre o olho! EU MANDEI ABRIR!

- NÃÃÃÃÃRRRRRRRRRGGGGGHHHHHHHH!


***


- Ai, amor, deixa eu brincar com teu saco, vai...

- Deixo, claro. Mas com cuidAAAAAAAAAAAAARRRGGHHHH!!

- Que foi?!

- Para! Em nome de Jesus, para!

- Não tava gostosinho?

- As minhas pernas...eu não sinto minhas pernas!

- Frescura! Eu só encostei!

- Meus futuros...filhos...perdidos...para sempre...

- Mas eu só ia fazer um carinho...

- Você apertou ele como se fosse uma bolinha de fisioterapia!

- Ah, é...verdade. É que me acalma, sabe?

- ...

- E aí? Levanta mais não, é?



***


- Sério? Camisinha musical? Tu acha que ISSO vai me excitar?

- Mas ela toca a música-tema de Battlestar Galactica! Escuta só.

- ...

- Massa, né?

- Supimpa. Faz assim. Você usa pra quando for comer a bunda de um dos seus amigos nerds, beleza? Tô fora.

- Mas...

- Fui.



***


E ainda tem gente que diz que essa é a melhor parte do relacionamento.