sábado, 10 de abril de 2010

I'm not there



Reclamação rápida: por que caralho a cantora Simone compareceu ao evento de divulgação do show dela na Livraria Cultura vestida de Bob Dylan? E será que Cauby Peixoto sabe que ela roubou a peruca dele? Vai ter um visual escroto assim lá na Bahia. E é sempre bom deixar avisado: menininhas do Recife, cuidado ao sair na rua.
Simonão tá na área.

Parada de ônibus: a solução


Como eu tinha falado anteriormente, nem vou me deter com a questão da qualidade do transporte público em si. Existem planos pra se melhorar isso, mas as vezes tudo o que se precisa é de um pouco de inteligência e bom-senso. Francamente, não sei quais os critérios que são utilizados na hora de se decidir a alocação e espaçamento das paradas de ônibus, mas não é preciso ser um especialista pra notar que a maneira como isso vem sendo feita no Recife é totalmente idiota.
Do jeito que está simplesmente não funciona. Alguém sabe me dizer por que caralho de asa voando tantos ônibus de linhas totalmente diferentes vão para a mesma parada? Praticidade? Uma porra que é. A única coisa que acontece é o acúmulo de veículos na parada, de maneira que os ônibus acabam fazendo fila dupla e às vezes até mesmo tripla pra poder recolher os passageiros. Quando param, claro. Além disso, se formam filas indianas de veículos, cada vez mais extensas. Se o seu ônibus parou lá na frente porque a área da parada já tá toda ocupada, se fudeu. Corra. E corra valendo, o motorista não vai te esperar. E uma vez que todos os ônibus param nas mesmas paradas, a formação de mundiça é inescapável, claro. Formam-se aglomerados de gente extremamente localizados nas paradas, com as ruas entre uma e outra vazias. Resultado: inferno pra poder usar o transporte e um prato cheio pros meliantes que ficam pelo caminho.
Vejam a arte abaixo, mais uma vez encomendada aos meus lacaios. Ela mostra claramente que uma simples reorganização das paradas já ia ajudar muita coisa.

Cada ônibus de uma cor diferente, representando sua linha, parando cada um em lugares diferentes, evitando o acúmulo desnecessário de gente na parada. Sem agonia na hora do embarque/desembarque. Maior clareza na hora de pegar o ônibus. Em vez de multidões se engalfinhando a cada 4 ou 5 quarteirões, pequenos grupos em cada bloco. Mais movimento nas ruas, mais segurança. Um acúmulo de lixo mais manejável nas lixeiras das paradas. Enfim, é tudo tão simples, tão básico, que fica difícil imaginar o motivo de se insistir tanto em falhas tão grotescas. E se eu, que não sou engenheiro de trânsito, consegui pensar nisso, então certamente outras pessoas, muito mais entendidas do assunto do que eu, já chegaram à mesma conclusão. 
Tá bom, infalível não é, todo plano tem lá seus defeitos.
Mas ao menos é uma alternativa à essa estupidez sem tamanho que é pegar o ônibus no Recife hoje em dia.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ficha Limpa



Pessoal, uma pequena pausa na reclamação das paradas de ônibus, pra falar da Lei Ficha Limpa. Pra quem não sabe, existe um projeto aguardando votação pelos nossos digníssimos deputados que visa impedir a eleição de todo indivíduo que tenha sido condenado por crimes tais como desvio de verba pública, assassinato, tráfico de drogas, estupro e outras besteirinhas. Pois é, essa lei não existe. Nada impede, segundo a lei atual, que o casal Nardoni se candidate, quando forem soltos, à prefeitura de São Paulo, por exemplo. Ou que figurinhas como Maluf continuem se proliferando pela política brasileira. Como você já deve ter percebido, se a lei passar, boa parte dos nossos políticos vai ter que fazer as malinhas e deixar Brasília, ficando afastados da política pra sempre. E não só Brasília, mas as câmaras municipais, prefeituras e palácios do governo de cada estado do Brasil. Confesso que muito me preocupa o despejo de tanto marginal nas ruas, o que sem dúvida vai acarretar um aumento da criminalidade nas cidades. Afinal, quem passou a vida roubando e fazendo coisas piores não vai se contentar em arrumar um emprego honesto. Mas enfim, é por uma boa causa e o que vale é tirar as rédeas do poder das mãos dessa galera.
Então o link pra votar na petição tá aí embaixo. Rápido, grátis e indolor:
Lei Ficha Limpa, eu apóio.

Parada de ônibus: o problema III


Não vamos nem falar da qualidade do transporte público em si. Quero concentrar a reclamação unicamente na situação imbecil das paradas de ônibus. A questão é que elas simplesmente funcionam de maneira errada, almejando o mínimo possível de eficiência. Para melhor ilustrar a situação, solicitei ao meu Departamento de Arte Digital e Design Erótico que fizesse uma recriação detalhada de uma parada de ônibus lotada e os transtornos decorrentes disso. Não se espantem, esta é apenas uma imagem conceitual, embora o nível de realismo do trabalho faça com que a maioria das pessoas pense que é uma foto tirada diretamente do Google Earth. Atentem para as legendas explicativas:

Como pode ser facilmente percebido na imagem acima, o subaproveitamento da parada de ônibus causa uma série de problemas para o cidadão comum, os mais notórios entre eles sendo:
1-    A quantidade inaceitável de gente que se acumula na parada pra pegar o busão. Sério, todo dia parece que soltaram a Torcida Jovem na rua e fica mais e mais difícil subir no veículo de forma civilizada, bem como evitar que a gente seja impiedosamente amolegado no processo.
2-    Porque todo mundo pega os mesmos ônibus no mesmo lugar, os veículos vão se acumulando em frente à parada e depois vão se afastando cada vez mais dela e, conseqüentemente, das pessoas que querem embarcar.
3-    Por causa disso, é preciso correr atrás do ônibus, isso quando o motorista de fato pára. As pessoas se arriscam correndo pelas ruas e avenidas, e o trânsito vira uma bagunça, os motoristas dos carros perdem a paciência e começam a usar os pedestres como lombada.
4-    As ruas entre uma parada e outra ficam vazias, dado ao acúmulo anormal de gente nas extremidades. Isso dá margem à proliferação de assaltantes, estupradores, blogueiros e coisas piores no meio do caminho.

Desesperador? Sem dúvida. Mas é um problema que, com um pouco de bom-senso pode ser resolvido com relativa facilidade e baixo investimento.
No próximo post, vou mostrar como.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Parada de ônibus: o problema II



Hoje eu peguei o ônibus numa parada lotada. Numa situação dessas, um dos piores momentos é o embarque. É aí que a frágil máscara de civilização que usamos no dia a dia se dissolve, dando lugar a uma turba de selvagens incontroláveis, uma mundiça execrável cujo único objetivo é chegar primeiro à catraca, de preferência fudendo outro ser humano no processo. Já vi velhinhas trêmulas de Parkinson se transformando em máquinas assassinas, distribuindo guarda-chuvadas a torto e a direito. Já vi grávidas flagelando outros passageiros com umbigadas mortais. Deficientes visuais que sabiam exatamente onde desferir potentes golpes de forma a acertar os órgãos vitais dos outros passageiros, fazendo-os sangrar até a morte no chão da parada de ônibus, tudo enquanto são pisoteados pela multidão ensandecida. Por tudo isso eu já passei, mas hoje... hoje foi um pouco pior.
O ônibus parou com a entrada há dois passos de mim. Ou seja, já tinham 47 pessoas se espremendo na minha frente quando as portas se abriram. Depois foi uma questão de sobreviver, enquanto a massa orgânica de desesperados me levava, inescapavelmente, mais perto da entrada do veículo. Finalmente, a horda me deposita nos degraus. Na minha frente, uma senhora gorda começa a subir penosamente no veículo. O rabo descomunal lentamente começa a eclipsar tudo o que está na minha frente, uma massa de gordura, pelancas e esperanças despedaçadas que preenche a totalidade do meu campo de visão. Toda essa matéria informe era mantida precariamente no lugar por uma fina calça de lycra preta, semi-transparente. Não satisfeita, a cria de satã ainda vestia uma calcinha gigantesca, branca, dolorosamente visível através da calça. E lá ia ela, rastejando como um verme inchado pela entrada do ônibus, enquanto me obrigava a travar um contato de 2º grau com a entidade separada que era seu traseiro enorme. Ao ver aquela bunda absurda, irreal, sentia que meus testículos lentamente se recolhiam para o abdome, de puro horror abjeto. Em nome de Deus, eu juro, aqueles glúteos me transformaram em um eunuco pelo resto da viagem. Humilhado, ferido em minha masculinidade por uma visão de terror absoluto, recolhi-me em um canto do ônibus, lamentando as paradas lotadas do Recife e as calças de lycra preta em promoção.
Mas a questão é que não precisava ser assim. E eu vou mostrar por que.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mal aê.




A todos os 47.784 leitores diários deste blog, quero dizer: mal aê. O ritmo de atualizações anda meio lento esses dias. Andei resolvendo alguns probleminhas por aí e acabei ficando sem tempo. Mas assim...se a fome na África acabar de uma hora pra outra, bem como os conflitos no Oriente Médio, a corrupção no Brasil e a televisão de domingo, vocês já saberão por quê eu tava ocupado.
Mas agora voltemos ao ritmo normal de reclamações.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Parada de ônibus: o problema


Vejam essa foto aí embaixo, tirada de uma parada de ônibus da Zona Sul do Recife, quase no Pina já:

Dá pra ver que a multidão se estende até o fundo da foto, né? Se você for observador, vai perceber também que é um grupo, além de grande, bastante heterogêneo. Ou seja, é bem provável que essas pessoas não vão todas embarcar no mesmo ônibus, já que se dirigem a lugares diferentes da cidade. No entanto, todas elas se apertam nos mesmos exíguos metros quadrados que compreendem a área da parada de ônibus. O resultado: paradas absolutamente lotadas, confusão na hora do embarque e do desembarque, acúmulo de dejetos além da capacidade da lixeira (quando existe uma na parada) e, de maneira geral, uma demonstração de imbecilidade humana tão absolutamente desnecessária, que dá uma dor no ovo esquerdo só de ter que comentar sobre isso.
Contudo, ignorando a integridade física do meu testículo, é justamente o que pretendo fazer nos próximos posts. Analisar a situação idiota das nossas paradas de ônibus e, só pra ser escroto, oferecer soluções pra um problema que nem precisa existir, pra começo de conversa.
Aguardem.

domingo, 4 de abril de 2010

Semana Santa II

  

Mas sendo bastante justo, a Semana Santa no isolamento do Recife em lá suas vantagens. Uma delas é que aqui se mantém as tradições de uma cidade pequena. Então, é comum que os bairros façam suas próprias versões da Paixão de Cristo, no meio da rua mesmo. Geralmente, é a paróquia de alguma igreja católica que se reúne e faz milagre (HAHA, milagre, entendeu? Muito boa, não?) com pedaços de isopor, uns trapos velhos emprestados do flanelinha da rua, muito entusiasmo dos “atores” e, de maneira geral, uma total ausência de senso de ridículo. Todos podem participar, por isso se ligue. Seu vizinho do andar de cima, aquele que passa a madrugada escutando o Conde do brega, pode ser Pilatos. O vigilante do posto de gasolina pode muito bem ser Judas. Você está cercado de figuras bíblicas e nem sequer sabe disso. Ah, nem se anime. Isso não quer dizer, necessariamente, que aquela vizinha gostosa vai fazer o papel de Maria Madalena e muito menos que você vai poder ajudar ela a ensaiar. Isso aqui não é filme pornô, porra.
Então, se você é um desligado como eu, pode inventar de ir comprar o pão na esquina e acabar no meio da Via Crucis, sem saber exatamente o que está acontecendo ou como você foi parar ali. Fica um tanto difícil se transportar pro Novo Testamento quando os soldados romanos usam tênis e as colinas de Jerusalém são, na verdade, os arranha-céus de Boa Viagem, mas o pessoal se esforça. E fica você, caminhando corajosamente no meio da multidão de meia-dúzia de figurantes, precariamente agarrado ao seu saquinho de pão e tome lapada em Cristo. E já que você tá lá mesmo, dá vontade de chegar nele e arriscar “Jesus, na moral, dá uma multiplicada aqui, de leve”. E pedir pra ele fazer o mesmo com o conteúdo da sua carteira o que, no meu caso, ia causar uma enxurrada de papel velho pela rua. Chegando em casa, com meus pães devidamente abençoados pelo motorista da Kombi da paróquia, não dá pra não experimentar um sentimento de unidade maior com a comunidade. Afinal, mesmo que de forma improvisada, eu acabei participando do espetáculo da fé do povo. E olha que nem ao menos sou católico. Mas tudo bem, esse ano eu era um transeunte aleatório comprando o pão. Ano que vem, se eu me esforçar, posso até ser promovido a apóstolo.
Maria Madalena que me aguarde.