quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mal aê II

Mal aê, mais uma vez. Problemas de (falta de) conectividade estão me impedindo de postar com frequência. Espero resolver tudo no final de semana. Enquanto isso, olhem para a foto do cachorrinho e se distraiam, em vez de reclamarem de mim.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Banheiro de Universidade II


Tá, o mictório entupiu, a quantidade de mijo chegou a proporções bíblicas e formas de vida alienígena começaram a brotar do meio da imundice humana. Isso acontece todo dia. Não dá pra segurar o acúmulo de urina por muito tempo, de forma que com ou sem entupimento, as pessoas vão acabar usando o banheiro. Paciência. Mas, pelo menos, você pode confiar no bom-senso geral na hora de, digamos, secar as mãos e jogar o papel usado na lixeira. Se esta encontra-se cheia, é lógico que as pessoas vão procurar outra pra descartar seu lixo pessoal.



Pois é. Parece um balde de pipoca. Tipo, se a pipoca fosse papel sujo de mão mijada. E se as pessoas fossem porcas, o que, na verdade, são. Mas ainda se pode argumentar que essa é uma lixeira pequena demais, uma proposta irreal dentro de uma universidade pública cheia de estudantes intoxicados, pseudo-comunistas, punks de butique e, de maneira geral, hordas de mijões politizados. Se ao menos usassem uma lixeira um pouco maior, isso não seria um problema.



Putaquepariu, né? Olha o tamanho dessa merda. Na moral, dá pra esconder um anão ali dentro. De fato, acho que escutei vozes abafadas naquele banheiro, mas talvez fosse simplesmente o ET do mictório aprendendo a se comunicar conosco. Gostaria, aliás, de agradecer ao dono da perna anônima que pode ser vista ao lado da lixeira, em posição privilegiada para dar idéia da escala da coisa. Me pergunto qual a freqüência de recolhimento de lixo nos banheiros do CAC e do CFCH. Arrisco dizer que é mensal, mas pode muito bem ser semestral ou a cada solstício de inverno, ano bissexto ou eclipse solar. Aposto que na lixeira maior, lá no fundo, ainda tem papel sujo que passou pela mão de Pimentel, quando ele ainda era estudante e nem sonhava em ganhar a vida carregando uma cruz anualmente. Praticamente um tesouro arqueológico. Por isso, toda vez que for jogar papel na montanha de lixo acumulado em qualquer banheiro da UFPE, lembre-se de uma coisa:
Você está entrando em contato com a história do nosso povo.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Banheiro de Universidade I


Só quem é obrigado a utilizar os banheiros existentes em uma universidade pública sabe, em primeira mão, o tipo de horrores que é possível encontrar nesses lugares. São ambientes de pura imundice, receptáculos perfeitos para tudo de mais vil que pode sair de um ser humano.
Mas, como todos sabem, esse é um blog de classe, de maneira que vou poupar os leitores de estômago sensível e coração fraco das imagens dantescas conseguidas no banheiro do Centro de Artes e Comunicação da UFPE.







 Haha, eu menti, seus imbecis! Se eu tenho que presenciar essas cenas horrendas no decurso de um simples mijão, vou obrigar todos a padecerem comigo. Isso aí em cima, caso vocês não tenham notado, é um mictório entupido. Percebam que o nível de urina já atinge cerca de um palmo de altura. Não, seus imundos, eu não botei minha mão lá pra medir, foi de olho mesmo. E de nariz. Putamerda, só quem passou por uma ladeira de Olinda em final de carnaval pode ter uma vaga idéia do odor nauseabundo que dominava o local. Juro que cheguei a enxergar uma névoa amarelada no ar, fazendo meus olhos lacrimejarem de desespero. Tudo bem, passou. Não vou mais submeter vocês a essas nojeiras, relaxem.







HAHA, menti de novo, bando de tabacudos! Esse troço que vocês estão vendo aí em cima é...bem, pra falar a verdade, eu não tenho muita certeza do que é. Estava nadando no aquário de mijo e parecia pulsar levemente. Se movia como se possuísse uma intenção, um propósito. Acho que me observava. Talvez seja uma nova forma de vida, nascida de uma combinação de bactérias mutantes, substâncias tóxicas advindas da urina dos estudantes do CAC e da desfaçatez da administração da Universidade, que permite que algo assim aconteça todos os dias. O quer que fosse, era horrendo. E eu que descobri.
Se for mesmo uma nova forma de vida, vão colocar meu nome nele.

domingo, 18 de abril de 2010

Em prol do direito ao assassinato justificado




O jantar foi tranqüilo. O apartamento, quente como sempre. Assistimos ao jogo do Sport, que perdeu para o Atlético Mineiro, mas tudo bem, foi fora de casa, dá pra recuperar. Perto da meia-noite, me despeço da minha mãe e do meu irmão mais velho, subo na bicicleta e vou pedalando pelas ruas vazias de Setúbal, atravessando rapidamente a noite abafada do Recife. Dobro a esquina e entro na rua que se liga à via que vai me levar até minha casa. É então que, vinda de lugar nenhum, surge uma porta de carro justamente na minha frente. Ao colidir com ela e ser arremessado ao asfalto áspero da pista, lembro que ainda tive tempo de pensar, enquanto o chão se aproximava lentamente do meu rosto, como num sonho:
“Putaquepariu, isso é jeito de terminar minha noite de aniversário?!”
Mais preocupado em identificar possíveis ossos fraturados ou órgãos internos hemorrágicos, preferi deixar para depois esse questionamento dirigido a Deus. O motorista, que havia aberto a porta do carro sem prestar atenção, se desculpou e até me ajudou a levantar. Quando, um tanto frustrado por ganhar uma portada de carro de presente de aniversário, eu expressei que ele deveria olhar pelo retrovisor antes de sair do veículo, a resposta que recebi foi:
“O errado era você, a pista é para os carros.”
Pois é.
E é nesse ponto que me pergunto: o assassinato, em um momento como esses, é ou não justificado? Estaria eu errado se decidisse tentar enfiar um pouco de bom-senso na cabeça do motorista usando um paralelepípedo? Talvez através de seguidos golpes, enquanto berrava, ensandecido, “Onde você espera que as bicicletas trafeguem, seu dejeto humano? Em cima dos muros?!”.
Mas não fiz nada disso, claro. Na selva urbana, vence o mais arrogante. Carro importado, roupas caras, bons advogados. Essas são as armas da cidade. O que vale um paralelepípedo contra tudo isso, ainda que empregado de maneira justa e coerente? Acho, então, que tenho mais é que agradecer a Deus por, na hora da colisão, estar carregando o presente que meu irmão havia me dado, além de estar com um pneu murcho, fatores que diminuíram sensivelmente minha velocidade, se não salvando minha vida, ao menos me poupando de ferimentos mais sérios. Tirando o pior de todos claro, o do orgulho. Esse era inescapável e demora bastante a sarar. E no meio dessa merda toda, só me resta um único consolo, já que não pude fazer uso do argumento de assassinato justificado para fazer a justiça prevalecer naquela noite.
Pelo menos, tenho quase certeza de que eu fudi a porta do carro daquele filho da puta.