quinta-feira, 14 de julho de 2011

Histórias que os homens contam, parte I






O imaginário masculino é povoado de mitos, sendo os mais evidentes e absurdos aqueles relacionados à sexualidade. Homens gostam de contar (e ouvir) histórias, quase sempre sem o menor fundo de verdade, desde que envolvam sexo, partes do corpo feminino, partes do corpo masculino ou uma combinação criativa disso tudo. Sim, mulheres, os homens falam de vocês. Algumas vezes contando vantagens. E comentam os seus detalhes anatômicos mais íntimos. Se você se surpreendeu com isso, ou é uma cínica ou não sabe bem como os homens funcionam. A questão é os machos prestam atenção (e divulgam) coisas diferentes das que as fêmeas se preocupam em esconder. A conversa entre dois homens, do ponto de vista feminino, transcorre mais ou menos assim:


- Velho, peguei a doida ontem e levei lá pra casa. Aí, tal, fui tirando a roupa dela, né? Tirei tudo e cheguei na calcinha. Velho, Putamerda, juro por Deus, era a calcinha da minha avó!

- Não!

- Sério, porra! Sabe calçola bege, que mais parece um short?

- Meu Deus! Era nova, pelo menos?

- Porra nenhuma! Aquela calcinha foi herança, tenho certeza. Furada e cheia de manchas suspeitas. Na boa, quase que eu brocho.

- Mas e aí? Continuasse?

- Foi difícil, mas segui em frente. Eu já tava ali, não queria que ela percebesse que eu tinha visto a calcinha ridícula dela e quase desmaiei. Foda. Me senti enganado.

- Cara, tu é macho mesmo.

- E olha que nem te falei das quatro celulites que eu encontrei na bunda dela.

- Ecaaaaaaa!


Caso a ironia fina do diálogo apresentado acima tenha se perdido nas leitoras mais paranoicas, vamos deixar claro que homens não dão a mínima se a mulher está usando uma calcinha velha, feia e bege. Aliás, boa parte dos homens sofre de “daltonismo masculino”. Não enxergamos (e nem fazemos questão de perceber) cores como salmão, fúcsia, lavanda, lilás, turquesa ou bege. Nenhum homem de verdade vai deixar de te comer por causa da sua esdrúxula calcinha. Para deixar ainda mais claro, para os homens não existem calcinhas feias. Há apenas duas categorias: aquelas que são mais eróticas, tipo fio-dental, e as que ficam no meio do caminho e aí basta tirar. E a não ser que sua bunda pareça mais um cenário de Moon Patrol, não é uma ou outra celulite que vai nos incomodar.


Moon Patrol: usado em metáforas anatômicas femininas desde 1983.


De fato, quando dois amigos se encontram e, inevitavelmente, começam a trocar histórias de aventuras sexuais, o diálogo parece mais com isso aqui:


- Velho, peguei a doida ontem e levei lá pra casa. Aí, tal, fui tirando a roupa dela, né? Tirei tudo e cheguei na calcinha. Velho, Putamerda, juro por Deus, era o maior rabo que eu já vi na minha vida!

- Não!

- Sério, porra! Sabe travesseiro? Aquele de casal? Pronto, um pouco maior. Se eu abraçasse aquela bunda, não juntava as mãos do outro lado.

- Coisa linda do pai! E aí?

- Bom, aí eu comi.

- Massa.

- Bote fé.


E é isso. Mas não pensem que a macharia não tem lá suas incertezas. No fundo, somos sensíveis, apenas avessos à frescura. E as dúvidas masculinas, quando surgem, podem traumatizar muito mais do que as das suas contrapartes femininas...


terça-feira, 12 de julho de 2011

Reaja!




Dizem por aí que a gente tem mais é que ser tolerante e perdoar nossos inimigos. A filosofia cristã ensina que a gente precisa dar a outra face e os psicólogos vendem a ideia de que ter paciência com quem tenta nos sacanear é uma mostra de superioridade. Dessa forma, estaríamos caminhando para uma existência mais pacífica, iluminada e equilibrada.

Eu digo “foda-se” para tudo isso.

Não, sério. Não estou interessado em dar nem um lado da cara para apanhar, quanto mais ela toda. E também não quero fingir superioridade para os filhos da puta da vida. Ao contrário. Para mim, a melhor, e talvez a única maneira de não ser novamente escrotizado por um desses desgraçados é reagindo à altura. Eu não quero meus inimigos de pé aplaudindo a minha vitória. Quero eles debaixo da terra, sendo roídos por vermes passeando alegremente em sua carne putrefata, mas ainda vivos o suficiente para escutar o som abafado da festa que eu estarei dando sobre os seus caixões. Desejo que meus adversários morram gritando meu nome e que a última imagem que vejam e carreguem em seus espíritos amaldiçoados por toda a eternidade seja de mim queimando a bandeira do time de futebol deles. Se alguém quer me prejudicar, então o tempo de conversar civilizadamente já passou. Qualquer diálogo que eu pudesse vir a ter com algum infeliz desse calibre se desenrolaria mais ou menos assim:


- Boa noite.

- Ahhhhhhhh! Que lugar é esse? O que eu tô fazendo aqui?

- Por favor, acalme-se. Eu administrei uma droga em seu sistema nervoso que faz com que você perca o controle das suas funções motoras voluntárias. Em outras palavras, você não pode se mover. Contudo, você logo perceberá que ainda pode sentir dor...de maneiras que você jamais experimentou durante todo o seu patético simulacro de vida.

- Fred...Fred, cara, por favor...eu não fiz por mal! Juro por Deus, eu não vi que aquele era o último pão doce coberto de coco da padaria! Eu só cortei teu lugar na fila porque...porque...bom, eu achei que não ia dar em nada e...

- Shhh...nada disso importa mais. Logo (afagando os cabelos cobertos de suor gélido do homem a sua frente), nada mais importará para você. Nem mesmo o pão doce coberto de coco.

- Não! Não, Fred, Pelamordedeus, não! Eu...eu acabei de sujar as calças, Fred!

- Sim...bem...de fato. Creio que é melhor começarmos os trabalhos. Agora, por favor, deixe-me virar seu rosto para este lado...

- O que é que você...Ahhhh, não! Pelo amor de Deus, afaste esse maçarico da minha córnea!

- Já pode sentir o cheiro de queimado? Lembra um pouco o de bacon fritando, não? Hmm...bacon...

- Nãonãonãonão, Fred, por Jesus, eu tenho mulher e filhos!

- Ora, por que você teve que dizer isso? Agora vou ter que ir atrás deles também. Já volto.

- Nããããããrrrrggggggghhhhhhh!!!!

- Quer que eu traga pão doce na volta?


E a lição que fica disso tudo? Não existe uma justiça kármica pronta para vingar as indignidades sofridas no dia a dia. E Deus, se existe, quer mais é que você se ajude, porque Ele tem mais o que fazer. Da próxima vez que alguém pisar no seu calo, dê uma resposta desproporcionalmente mais agressiva, tipo um chute no saco, e sorria na certeza de aquela pessoa jamais vai ousar tirar vantagem de você ou, nesse caso específico, terá filhos novamente. Como se diz por aí, quem vive bonzinho morre coitadinho.

É isso ou se acostumar a viver sem seu pão doce. Coberto de coco.