sábado, 17 de abril de 2010

Melhor reclamar do que remediar




Não tá funcionando. É evidente que o prefeito não foi informado das minhas inovações acerca do nosso transporte público, uma vez que basta dar uma passada em qualquer parada de ônibus da cidade pra constatar que, sem sombra de dúvida, tá tudo a mesma merda. Talvez um pouco mais molhado, agora que estamos na temporada de chuvas. O problema não são as chuvas em si (ainda), mas o fato de que é tanta gente na parada que alguém vai ficar de fora da proteção do telhado. E esse alguém geralmente sou eu. De alguma forma, acho que sempre me atraso pra parada de ônibus, seja lá como isso funcione. Quem tá lá há mais tempo se fudendo na espera de um transporte, costuma pegar os melhores lugares, a salvo do sol ou, como tá cada vez mais comum agora, da chuvarada. Pensando bem, há uma certa justiça social nisso.
Mas isso tudo quando o ponto de ônibus possui uma estrutura com telhado, o que nem sempre acontece. Uma vez, num dia de chuva excepcionalmente forte, vi um grupo de 4 ou 5 pessoas na parada, todas portando guarda-chuvas que eram usados lado a lado para improvisar um teto bastante precário. A merda é que toda vez que passava um carro subia uma onda de lama na direção do grupo que, sincronizadamente, baixava os guarda-chuvas à altura da cintura para se proteger do banho de água suja e dejetos não identificáveis. Havia uma certa beleza naquele balé informal, onde um grupo de estranhos acabou por encontrar, no trabalho em equipe, a força pra continuar esperando seu ônibus sem se render às lágrimas, desespero e o suicídio coletivo.
Sei que poderia ser bem pior. Outras cidades brasileiras estão sendo mais duramente castigadas pelas chuvas. Mas isso não é motivo pra deixar de reclamar, ao contrário. Não vou esperar a merda estar feita, como aconteceu no Rio. Quero ver pontos de ônibus bem estruturados e organizados de maneira inteligente já.
Sou a favor da reclamação preventiva.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Reclamação de verdade





Por mais que a gente se ache bom em uma coisa, é preciso ter em mente que sempre vai existir alguém melhor. Eu, por exemplo, achava que era bom de reclamar. Até fiz um blog só pra isso, mas se você está lendo este texto, provavelmente já sabia disso. E em alguns momentos, lendo outros posts por aqui, pode até ter pensado “Caralho, isso sim, é que é reclamar valendo!”.  
Queria eu.
Talvez tenha me faltado a verborragia necessária pra ser um reclamão de marca maior. Por outro lado, é possível que meus palavrões e xingamentos não possuíssem a força suficiente pra se destacar no manancial de imprecações que flutuam pela Internet. Ou, quem sabe, morando no Recife, eu simplesmente não tenha tido tanto motivo pra reclamar quanto quem mora no Rio de Janeiro. Deixando bem claro que não é implicância e que isso não tem nada a ver com a questão de 87. É simplesmente a pura constatação da realidade. E se você duvida, dê uma olhada no vídeo abaixo, realizado durante uma das chuvas que vêm castigando os cariocas. Se tem alguém que sabe reclamar, por Deus, é esse motorista. E se todo mundo nessa vida tem um Yoda, o meu eu já achei. Quis a ironia do destino que o cara fosse carioca, paciência. Mas na moral, dá pra tirar a razão dele?
Ah, sim, o vídeo é longo, mas recomendo assisti-lo inteiro. Acredite, vale a pena.
Impressionante, né? Não apenas a genial reclamação do cara no carro, mas principalmente a forma como o vídeo começa de uma tentativa de extrair um pouco de leveza e bom-humor de uma situação calamitosa (bem ao estilo carioca, no bom sentido) e acaba descambando pra uma realidade tão crua que chega a incomodar. Meu parabéns ao pessoal do blog Rizoma, corajosos que só eles, não apenas por estarem arriscando os próprios rabos no meio de uma das piores tempestades que o Rio de Janeiro já viu, mas principalmente por fazê-lo  de forma espirituosa e, incrivelmente, solidária.
Agradecimentos à minha amiga Karina Nobre pela dica do vídeo. Valeu, lôra!

Haja paciência...



É cansativo. Mas enfim, vamos lá. O Flamengo vai brigar contra a decisão da CBF acerca do destino da taça das Bolinhas. Ao menos é o que a presidente do time afirmou. Como a decisão de que o Sport Clube do Recife é o campeão brasileiro de 1987 já foi tomada há mais de duas décadas atrás, eu só posso supor que a diretoria do Flamengo andou investindo em experiências com máquinas no tempo e pretende enviar o time atual pra enfrentar o Sport na final daquele ano fatídico, dessa forma eliminando da história do futebol brasileiro a vergonhosa derrota por WO sofrida pelo time carioca.
Mas enfim. Ficção científica à parte, só quero dizer que não pretendo mais reclamar quanto a esse assunto em particular. Já deu o que tinha que dar. E, afinal, os rubro-negros pernambucanos reagiram à notícia de que a taça estava indo pro Morumbi da forma como era esperado: deram de ombros. Não houve comemoração, queima de fogos, carreata ou comoção popular. Isso pelo simples fato de que, para os fãs do Leão, nada mudou. O time foi campeão de 87 e as comemorações aconteceram naquele ano. Ponto final.
Agora, se a máquina do tempo do Flamengo funcionar de verdade, juro que eu peço emprestada, pra voltar no tempo e comemorar o título no dia que ele foi conquistado!

87



O Sport Clube do Recife foi o campeão brasileiro de futebol do ano de 1987. Por que é que um fato tão simples provoca tanta controvérsia? Todo mundo já sabe tudo o que aconteceu naquele ano fatídico. Não tenho nem mais ânimo pra rediscutir todas as mesmas velhas questões. O fato permanece, porém, que só agora existe uma comprovação “oficial” de uma coisa que se sabe há muito tempo. Só agora, a taça das Bolinhas foi pro São Paulo, único hexa-campeão do Brasil. Só agora, tiveram coragem de peitar a torcida do Flamengo e, basicamente, toda a imprensa do Sudeste pra afirmarem, sem sombra de dúvida, que o campeonato de 87 foi vencido pelo Sport. Ah, não fizeram isso porque são bonzinhos e sabem que isso é o correto a se fazer. A questão é que admitir, mesmo que a contra-gosto, que o Sport foi o vencedor em 1987, implica, necessariamente, reconhecer o título de hexa que pertence ao time do São Paulo. A briga aqui nem sequer é entre Sport e Flamengo, mas sim entre esse último e o time paulista.
Do ponto de vista do Sport, não há briga. Há apenas os fatos. Há apenas o reconhecimento por parte da FIFA e da CBF acerca de quem foi o campeão de 87. Mas velho, na moral...não faço questão. Sério. Flamenguistas, fiquem com o título de 1987. Na boa.
Desde que vocês abram mão de todos os outros títulos que o Flamengo já recebeu, concedidos e reconhecidos pelas instituições citadas acima. Ou a FIFA e a CBF só pisam na bola (Há, entendeu?) quando dá o título pro time do Nordeste?
Perguntinha chata de responder essa, né?
Mas calma, vou parando por aqui. Os cariocas vêm enfrentando violência diária, poder paralelo, criminalidade desenfreada, corrupção endêmica, enchentes, alagamentos, deslizamento de terra, chuvas intermináveis e agora mais essa, provavelmente a mais difícil de aceitar de todas as tragédias. O reconhecimento oficial de uma derrota. Chega de tripudiar. Resta apenas reafirmar os fatos com a tranqüilidade de quem declara o óbvio.
87 é nosso. De fato e de direito.
O resto é papo de malandro.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Marcha-ré II

Dando prosseguimento a reclamação anterior, alguém aí notou uma coisa extremamente bisonha nesse cartaz da Marcha da Maconha? Bom...além do fato do pôster em si existir, tem mais uma coisa muito esquisita. A erva é, até onde eu sei, ilegal. Ao menos por enquanto. Agora vejam o canto inferior esquerdo do cartaz.
Pois é. Pode ir tranquilamente, o ambiente vai estar seguro e "policiado”. Nada como saber que o dinheiro público tá sendo bem empregado, né não? Ainda estou tendo dificuldades em lidar com toda essa coisa de Marcha da Maconha policiada. Assim, policiada pra proteção dos maconheiros. Engraçado que, como eu já falei, a cannabis ainda é ilegal no Brasil. A prostituição, por outro lado, não é. Você pode dizer até que é feio, imoral, constrangedor, degradante e etc. Mas ao menos cai dentro da legalidade.

Agora véi, diz aí. Tu já viu policial fazendo a segurança das putas?

Marcha-ré



Pois é.
Marcha da maconha. Não é a marcha contra a violência no Recife. Ou a marcha a favor de uma melhor educação nas escolas públicas. Ou mesmo a marcha dos metaleiros reclamando do show do Megadeth no Clube Português. Não, sério, no Clube Português. Naquele palco onde só cabe o equipamento, a banda tem que tocar no camarim. Mas eu divago, como sempre. Sim, a marcha da maconha. Pera, deixa eu oficializar mais a coisa.
A Marcha da Maconha. Com maiúsculas.
Agora sim. E antes que você pergunte, não, não tenho nada contra a maconha. Mas também não tenho nada a favor. Ao menos não o suficiente pra achar massa (sem trocadilho, caralho) uma marcha toda organizada com esse tema, quando tantos outros assuntos por aí ficam em segundo plano. Pelo menos eu nunca ouvi falar da Marcha do Basta de Corrupção no Brasil ou a Marcha do Vamos Fuder esse Bando de Político Filho da Puta que Limpam o Cu com Nosso Dinheiro. Tá, o título dessa última precisa melhorar, mas o que importa mesmo é o sentimento. Será que maconha vale um esforço de mídia desses? Veja bem, também não tenho nada contra o ornitorrinco albino da ilha de Creta, mas nem por isso ia apoiar uma marcha a favor dele. Se tiver algum ornitorrinco albino da ilha de Creta lendo esse blog (quem eu estou enganando? É lógico que tem), sinto muito véi. Minha torcida não é sua. E se alguém acha que vai ter uma pessoa que seja nesses shows preocupado com o lado político da coisa, parabéns, você acaba de ganhar o Troféu-Trouxa do ano. Se você é um dos que apóia a Marcha da Maconha, só tenho uma coisa a dizer.
Véi, na boa...vai arrumar o que fazer.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Luto privado



Banheiro masculino do CTG, UFPE. Acho que não tem muito o que comentar, a imagem diz tudo. Um dos mictórios morreu. O outro está de luto. E eu fiquei cerca de 17 minutos olhando pra essa cena bizarra, sem saber bem o que esperar de um sanitário que é capaz de enlutar por seus entes queridos. Quase me fez esquecer o fedor de mijo, as torneiras que não funcionam, a falta de papel, sabão e, de maneira geral, higiene básica do ambiente. Pensando bem, acho que a intenção foi essa mesmo. Distrair os otários das condições desumanas do local.
Mas, por via das dúvidas, murmurei meus pêsames enquanto dava o mijão. Por educação, sabe?