quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Carnaval de regras, parte final







- Controle seus hormônios: Sim, estamos falando da Festa da Carne aqui, e não no sentido culinário da coisa. Mas não é preciso ser um pudico para entender que tudo tem limite. O Carnaval, ao menos nas cidades do Recife e Olinda, ocorre, em sua maior parte, em espaços públicos. Ou seja, o direito de um folião termina onde começa o do outro. E, incrivelmente, nem todo mundo está ali para assistir suas tentativas ébrias de baixar a calcinha do travesti que você acabou de conhecer em plena ladeira da Sé. Tome tenência e lembre-se que festa é uma coisa, putaria é outra e caso você planeje qualquer uma das duas, me chame. Não, sério, me chame. Por favor. No mais, lembre-se de que no mundo atual, qualquer deslize é imortalizado por câmeras de celular cada vez mais avançadas e intrometidas. Por mais que pareça uma boa ideia na hora, seguir o Homem da Meia-Noite vestindo apenas a purpurina que recobre sua bilola pode chocar alguns dos foliões mais sensíveis e, caso você seja flagrado por algum colega, ainda corre o risco de ter uma conversa séria e, provavelmente, final com seu chefe. Se você, inacreditavelmente, deu a sorte de topar com alguém que queria ir para a cama com você, mesmo tendo todos os dentes ainda, municie-se com algumas das literalmente centenas de camisinhas que são distribuídas gratuitamente pelo governo e siga para o motel mais próximo. Ao menos lá, ninguém vai precisar te ver chorar até dormir enquanto coloca a culpa da sua impotência na maldita Jurubeba.


- Quer brigar? Reflita antes: O álcool transforma as pessoas deixando algumas delas mais agressivas. Curiosamente, a esmagadora maioria dos bêbados brigões parece ter o bom senso de agredir apenas as crianças, os mais fracos e as mulheres, jamais dirigindo sua violência etílica para alguma figura de autoridade, como um policial. Talvez algum recôndito quase esquecido dos seus cérebros encharcados pense “Ele foi treinado, sabe se defender, carrega um revólver, um cassetete, um spray de pimenta e, se eu tentar bater nele, tudo isso será violentamente acondicionado no meu cu”. Mas a ciência ainda é inconclusiva nessa questão. Enquanto respostas não chegam, melhor não arriscar. Se você é dos que se transfigura em Chuck Norris quando enche o rabo de cachaça, existem algumas opções para você:

1- Fique em casa e beba sozinho.

2- Não beba. Jamais.

3- Morra.

A última opção, mais confiável, é estranhamente impopular. Já as duas primeiras são bastante racionais e podem salvar você de tomar todas, acreditar que recebeu o espírito do cavalo do cão e levar um cacete indizível dos irmãos e primos daquele boy magrinho que não aguenta brincadeira no Carnaval. Sua vida pode, literalmente, depender disso. E caso você seja provocado por algum energúmeno desse calibre, a melhor pedida é tirar por menos, ficar de boa e seguir atrás da troça como se nada tivesse acontecido. Se um pinguço mais folgado ultrapassar os limites do carnavalescamente aceitável e resolver dar um tapa na bunda da sua namorada, respire fundo, grite “Foda-se, é Carnaval!” e dê você mesmo um tabefe na outra nádega da sua amada enquanto pula ritmicamente para longe do cachaceiro inconveniente.


- Cuide-se: Carnaval é muito bom, mas não é todo mundo que aguenta pular ladeira acima e ponte abaixo por quatro dias seguidos e chegar na Quarta-Feira de Cinzas razoavelmente inteiro. Alguns cuidados simples podem impedir que a última marchinha que você vai acompanhar nesse mundo seja a fúnebre.

- Hidrate-se. Em Olinda, principalmente, os morros parecem deixar as pessoas mais próximas do sol, que queima mesmo quando o dia está nublado e, aparentemente, fresco. Nem precisa dizer que cachaça não é água, por isso leve a sua ou ao menos dinheiro para comprar dos infindáveis ambulantes que você encontrará pela rua. As meninas costumam beber menos água do que os rapazes, já que para elas o ato de urinar é um tanto mais inconveniente no meio da folia. Existem banheiros químicos, que nunca são suficientes, limpos ou confortáveis. As filas são imensas para as mulheres, então o lance é se programar com antecedência ou pular o carnaval usando fraldão geriátrico.

- Alimente-se. Saco vazio não para em pé. As opções alimentares no meio da rua não as mais equilibradas em termos nutritivos, mas pior é ficar sem comer. Se for passar o dia na rua, tome um bom café-da-manhã e tente fazer ao menos mais duas refeições fora de casa. Saladas são refrescantes e saudáveis, mas se você não confia no local que está oferecendo o prato, prefira os alimentos cozidos. A chance de uma infecção alimentar, também conhecida como caganeira, diminui sensivelmente. Os amigos que estiverem dividindo uma casa com você agradecem.

- Passe filtro solar. Como diria Pedro Bial, é uma das cosias mais importantes que você vai fazer na vida e pode te salvar de passar o resto do mês parecendo um boto-rosa. Se você só pretender brincar a noite, a proteção é, evidentemente, desnecessária. O aspecto pegajoso da loção compensa com uma função de lubrificante social, ajudando o folião a deslizar entre as troças de maneira rápida e desconfortavelmente sexual.


Então é isso. Seguindo essas dicas, o Blog da Reclamação garante que você terá um Carnaval muito mais gostosinho e, mais importante, ainda aumenta suas chances de estar vivo para curtir os próximos!