terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia Mundial do Rock, parte I : Metal no Recife





Pernambuco, capital multicultural do Brasil, terra do maracatu, frevo, caboclinhos e cavalo-marinho, tem espaço pro Rock n’ Roll. Aliás, sempre possuiu vários representantes dessa vertente musical, bandas nacionalmente conhecidas, como a Eddie ou até mesmo internacionalmente reverenciadas, como a Nação Zumbi, fundada pelo saudoso Chico Science. E, embora possa contar com um número tímido de representantes, ao menos quando comparada à uma megalópole como São Paulo, os metaleiros, sub-tribo do Rock, também se encontram representados no estado, especialmente em sua capital.
Curtir Heavy Metal no Recife, é preciso admitir, nunca foi lá tarefa das mais fáceis. O visual estereotipado do headbanger, com cabelos compridos, barba hirsuta e coberto de preto da cabeça aos pés nunca se enquadrou bem à realidade tropical recifense. Ao contrário do que acontece em climas mais amenos, o metaleiro pernambucano costuma cultivar, em seu dia a dia, um visual mais adequado à temperatura local, apenas se utilizando de vestimenta completa em dias de show. É então que verdadeiras hordas de criaturas feias, suadas, cobertas de pêlos e paramentadas em negro se aglutinam como espectros malditos nos cantos mais obscuros da cidade.
Antigamente, como Recife se encontrava fora do circuito de conjuntos internacionais, a maioria dos shows de Metal que acontecia na cidade era de pequenas bandas locais, muitas delas fazendo covers dos seus ídolos favoritos, como Judas Priest, Black Sabbath ou Motorhead. Alguns poucos conjuntos se arriscavam à apresentar ao público suas composições próprias. Sem dinheiro para absolutamente nada, essas bandas faziam seus shows na raça, movidos puramente pela vontade de mostrar seu trabalho. Tocavam em postos de gasolina, debaixo de viadutos e em puteiros. Pois é. Era comum ir a shows nas localidades mais suspeitas do centro do Recife, lugares que não ofereciam o mínimo de conforto, segurança, acústica ou mulheres virgens. De fato, virgem mesmo, só os próprios metaleiros, em sua grande maioria inexperientes em qualquer assunto relacionado ao sexo oposto. Quase todos só haviam tocado em um seio quando mamaram em suas mães, geralmente até os 12 anos de idade. O visual, claro, não ajudava. Levava vantagem quem conseguia, milagrosamente, achar uma fêmea que gostasse de escutar Metal. Essas eram disputadas à tapa, uma raridade em um ambiente onde pessoas de cabelos compridos tinham muito mais chance de ter um pênis oculto em suas calças de couro.
Apesar das dificuldades, os metaleiros conseguiram se reproduzir. Supõe-se que por fissão celular, já que a reprodução sexuada ainda era um mistério para a maior parte deles. Hoje em dia, o Recife possui um público crescente de headbangers, já tendo sido visitado por bandas do porte de Scorpios, King Diamond, Gamma Ray, Blind Guardian, Helloween, Stratovarius e Iron Maiden. Os metaleiros, claro, comparecem em massa para esses concertos, sempre sonhando com a próxima grande banda e com o dia em que finalmente vão ver uma mulher pelada que não seja proveniente da Internet. Tudo bem, esse último está mais difícil, mas os caras são persistentes. E nessa teimosia, acabam compondo mais uma das inúmeras tribos musicais do Recife.
Uma homenagem do Blog da Reclamação ao Dia Mundial do Rock!

2 comentários:

  1. Hahaha, ótimo texto e confesso que tenho inveja de Recife...muitas bandas de metal nunca chegam até aqui...elas param aí e pronto!Aí ficamos aqui a ver navios...ou então a nos mobilizar e invadir a capital mais heavy metal do Nordeste!:P

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  2. Realmente, me sinto um guerreiro do metal por gostar desse gênero musical e morar em Recife. É paradoxal mesmo.

    Ass: Mauro, o galhofeiro metaleiro bronzeado.

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Vai, danado, reclama!