terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia Mundial do Rock, parte II : As the Shadows Fall


Para quem não sabe, o Metal, que já é um subgênero do Rock, se divide em várias categorias, todas bastante diferentes entre si. São categorias como Death, Thrash, Melodic, Speed, Doom, Gothic, Symphonic, Progressive, Nordic e outras mais. Todas têm lá suas razões de ser e suas características próprias, tanto em relação ao visual dos seus seguidores, quanto à parte instrumental e letras das canções. Dessas vertentes, uma das mais reconhecíveis, espalhafatosas e difíceis de digerir é o Black Metal. Se você não é fã dessa categoria e nem faz idéia do que seja, tente imaginar um bando de homens mal-encarados, cabeludos, vestindo trajes que têm mais couro e metal do que uma convenção de sado-masoquistas, mostrando rostos pintados ao estilo Secos e Molhados e berrando em uma voz gutural e incompreensível letras rebeldes e satânicas. Dá para imaginar que o público, especialmente em Pernambuco, é bastante restrito. Mesmo assim, a cena local já teve vários representantes, alguns deles fazendo certo sucesso no underground metálico. É o caso da pernambucaníssima As the Shadows Fall. Abaixo segue uma imagem que mostra bem o visual dos caras:



Kiss é o caralho!


Como se pode observar na foto, não são exatamente os genros que a sogrinha pediu a Deus. Evidentemente, essa é uma caracterização para as apresentações ao vivo, eles não pegavam ônibus ou iam até a esquina comprar o pão vestidos desse jeito grotesco, para o alívio da população em geral. Mas não é o caso de se pensar que debaixo da maquiagem infernal e roupas pútridas, estavam os Backstreet Boys esperando para ser descobertos. Em outras palavras, a maioria dos caras era bastante feio mesmo, exibindo uma falta de beleza uniforme que combinava bastante com a proposta do estilo musical. Logicamente, todo grupo tem seu destaque e nesse caso, o baterista Von Zephyr se sobressaía pela absoluta e total feiúra. Claro que esse não é o nome verdadeiro dele, integrantes de bandas de Black Metal costumam usar pseudônimos obscuros da mitologia pagã, religião satanista ou qualquer nome que faça uma Testemunha de Jeová tentar comer a própria bíblia em desespero, junto com os órgãos genitais. Zephyr, que quando caracterizado para uma apresentação parecia mais o demônio, era capaz de assustar homens feitos e fazer com que ateus se convertessem ao cristianismo, de puro medo. Possuía mais de dois metros de altura, braços longos, peludos e musculosos, pele pálida, cabelos que se assemelhavam a uma anêmona saída do inferno e um sorriso capaz de paralisar o coração de um assassino de criancinhas. Inspirado, satanás quis que ele nascesse vesgo. 



Não é Zephyr. Mas, Deus, como chega perto.


Se a luz do seu quarto não estiver apagada e você estiver acompanhado, junte coragem e tente imaginar essa criatura massacrando uma bateria com um décimo do tamanho dele, berrando ensandecidamente e fazendo caretas inumanas e você terá uma leve idéia do que era o show dos caras. Difícil era os outros integrantes acompanharem o ritmo. Ocasionalmente, Zephyr fazia as vezes de segurança do grupo, por motivos mais do que óbvios. É memorável a ocasião na qual a banda se apresentou na saudosa Soparia do Pina, local freqüentado por alternativos, roqueiros, boysinhos e marginais em proporções iguais. Quando um dos espectadores, incauto e possuído por prováveis desejos suicidas, começou a ridicularizar o visual do grupo, os músicos tentaram manter a calma. Mas quando a mesma figura resolveu, por motivos até hoje desconhecidos, chamar o vocalista Blackthorn de “Batman”, Zephyr decidiu que era hora de partir para uma ação drástica. Erguendo-se, o baterista localizou o rapaz que, acreditando-se protegido pelo anonimato do público do show, xingava os integrantes da banda e ria junto com seus amigos.
Ao verem aquela criatura abissal pular a bateria e correr em sua direção coberto de pregos afiados, couro suado e intenções malignas, o grupo de amigos rapidamente retirou-se do local, buscando refúgio dentro de um carro. Isso pouco os ajudou. Um deles tentava, desesperado, enfiar a chave na ignição enquanto os outros observavam, tomados de horror, Zephyr se aproximando tal qual a besta do apocalipse enviada pelo próprio Satã. Quando acercou-se do veículo, o baterista, enfurecido, passou a desferir socos através da janela aberta do banco de trás. Devia ser realmente difícil desviar dos golpes desferidos pelo percussionista possuído, nem tanto pelo espaço exíguo que não permitia muitos movimentos, mas principalmente pelo estrabismo do músico, que olhava para uma direção e esmurrava em outra, pegando suas vítimas completamente de surpresa. Diz a lenda que Zephyr, bufando de ódio e salivando como um animal raivoso, conseguiu, com seu longo braço, atingir todos os três garotos que se encontravam no banco traseiro, seguidas vezes, e o grupo só se salvou porque o motorista, finalmente, conseguiu dar a partida no carro e acelerar loucamente pelas ruas do Recife, certamente parando apenas quando a gasolina acabou. É possível que até hoje eles durmam de luz acesa, lembrando-se daquela noite fatídica na qual suas almas quase foram arrancadas dos seus corpos destroçados pelo baterista do As the Shadows Fall.
Mais uma homenagem do Blog da Reclamação ao Dia Mundial do Rock e um abraço ao amigo Thamuz e todos os integrantes da icônica As the Shadows Fall! Vocês fazem falta.

3 comentários:

  1. A banda também era chamada de "As The Fat Fall" devido a "robustez" dos integrantes.

    Ass: Mauro, galhofeiro amigo de Thamuz.

    ResponderExcluir
  2. Eu conheço Thamuz, mas não digo a vocês quem ele é. Esse segredo vai morrer comigo...

    Saulo Toscano

    ResponderExcluir

Vai, danado, reclama!