quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Patetas


Bairrista como sou, preciso admitir que existe uma coisa que eu detesto no Recife: a maneira como as pessoas dirigem. O motorista nativo parece ter sido treinado na autoescola do inferno. Para o recifense médio, carros são verdadeiras armas de destruição em massa enquanto pedestres não passam de quebra-molas ambulantes e um pouco mais escandalosos. Todos sabem da sensação de poder trazida pela direção e ela é diretamente proporcional ao tamanho do carro. Donos de Fuscas e Pálios costumam ser pessoas mais tímidas, até certo ponto apegadas às leis do trânsito. Desconfie dos motoristas de grandes veículos, como Pajeros e caminhonetes tipo D-20. São maníacos ao volante, esperando apenas a oportunidade de esfregar sua pretensa superioridade na sua cara, de preferência utilizando o para-choque do veículo. Some-se a isso o agravante da regra geral da proporção inversa acerca da genitália do motorista e têm-se aí a mais perfeita receita para um desastre: agressividade, arrogância e falos de dimensões ridículas.

O conceito de direção defensiva é inexistente enquanto a faixa de pedestre não passa de uma semiesquecida lenda urbana. Sinais amarelos não significam “Diminua” e sim “Acelere antes que o urso pule pela janela do seu quarto”. O sinal de troca de faixa só é dado depois que a manobra foi realizada, uma forma de esculachar ainda mais o motorista que acabou de ser trancado, mas que faria a mesma coisa se tivesse a oportunidade. A única forma de comunicação é a buzina, ininterrupta, invasiva, seja para a velhinha que atravessa a rua penosamente, seja para o coletor de lixo fazendo seu trabalho durante as quentes madrugadas recifenses. O trânsito, por si só caótico, assume um ritmo decididamente insano graças aos motoristas locais. E a tendência é piorar.

Buscando mostrar aos leitores como funciona o tráfego da capital pernambucana, porém sem expor os mesmos aos seus perigos constantes, me deparei com um velho vídeo que mostra que o problema é antigo, muito antigo. Parece, mesmo, que não é exclusividade do Recife. E o desenho animado, sincero como todo desenho animado deve ser, mostra bem que, atrás da direção de um carro, somos todos uns patetas mesmo.









Não seja um pateta. Deixe seu carro em casa. 

2 comentários:

  1. Concordo com você Rodrigo. Mas há de levar-se em conta também a idiotice de muitos pedestres. Colocam-se não numa atitude de alerta em função de uma passagem de via, por exemplo, mas numa ação de ousadia mal pensada. Param no meio fio, depois da faixa amarela para esperar passar; não esperam o sinal verde para pedestre (enquanto o motorista é obrigado a esperar sua vez,óbvio). Pedestres se colocam numa posição autoritária em relação ao motorista que "por estar 'blindado' no conforto do seu automóvel" teria menos direito em relação a ele, daí teria de ser muito mais paciente, aturando um avanço de sinal vermelho por parte do pedestre (por exemplo) em detrimento do seu caríssimo direito (veja-se os impostos) de trafegar fluentemente pelas vias da cidade.

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  2. O que eu não entendo em Recife é: Por que na faixa da esquerda os motoristas andam a 50km/h e na faixa da direita saem voando???

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Vai, danado, reclama!