sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Meus momentos mais constrangedores: Top 10 - 6º lugar





6º lugar: Imprensadinho









O constrangimento, dessa vez, nem foi assim tão público. Mas foi dentro do seio familiar, o que é ainda pior. Nunca fui de beber muito, mas tenho lá minhas histórias de embaraços causados pela cachaça. Um dia, adolescente e imberbe, brincava com meus amigos de um jogo chamado “Imprensadinho”. Basicamente, consiste de adivinhação de números. Em um círculo, um dos jogadores escolhe um número qualquer e o escreve em um pedaço de papel, enquanto os outros participantes fazem lances entre 0 e 100. Supondo que o número escrito seja 37 e alguma pessoa do círculo chute, digamos, 50, o indivíduo que escreveu no papel vai ter que dizer dentro de que margem se encontra seu número, levando em consideração a tentativa do outro jogador. Em outras palavras, ele vai falar “meu número (37) se encontra entre 0 e 50”. O resto da roda vai dando lances até que alguém acaba chutando o número que está no papel ou então o jogador que escreveu acabe imprensado, ou seja, sejam cantados os números 36 e 38, deixando-o sem saída. Em qualquer uma das possibilidades quem fez a merda bebe. 

E bebe o que estiver disponível, seja um copo de cerveja, uma lapada de cana, um vidro de maionese sabor limão ou três dedinhos de Pinho Sol. Se você achou minha explicação complicada, tente lembrar delas depois da sexta dose de Bacardi, aquela bebida que, nas horas vagas, faz bico de laxante, e você vai entender que quanto mais se erra, maiores as chances de continuar errando. Ao final da sétima rodada já tem gente chutando 147, menos 28 e o cacete da hipotenusa. E acabam bebendo mais ainda. Eu fui um desses infelizes, ingerindo líquidos que jamais deveriam adentrar o organismo de um ser humano que não estivesse no corredor da morte. De alguma forma, consegui chegar em casa, encaixar a chave no buraco da fechadura, girá-la no sentido correto e seguir para o meu quarto, que nessa época era dividido com meu irmão caçula. Tínhamos um beliche e o pobre coitado costumava dormir na cama de puxar, essas que ficam embaixo da principal. Ele me viu entrar cambaleando no quarto, cheirando a metanol e, preocupado, expressou algumas recomendações.


- Fred, tás fudido, vai pro banheiro logo.

- Eu tô bem.

- Fred, tu tá passando mal, vai logo pro banheiro, cacete.

- Já falei que tô bem, porra, me deixa quieto.

- Tu não vai aguentar, corre logo pro banheiro, caralho!

- Eu...eu tô...humm...tô...hmmgggrrr...hhhmmgggrrrllllll...

- ...Fred...?

-BLEEEEEEAAAAAUUUURRRRRGGGGGGHHHHHH!!

- NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!

Sim, incapaz de conter a mistura alcoólica que fermentava em meu estômago, despejei tudo sobre meu irmão mais novo. Transtornado, ele berrava alucinadamente enquanto jatos e mais jatos de vômito o atingiam ininterruptamente, passando através dos dedos de suas mãos espalmadas, tentando inutilmente conter a avalanche que o atingia bem na cara, estilo O Exorcista. Entre uma golfada e outra, eu tentava balbuciar um patético pedido de desculpas, sempre interrompido por mais um acesso, enquanto meu irmão exibia o olhar daqueles que já decidiram que, em algumas situações, é perfeitamente aceitável e até louvável tirar uma vida humana. Coberto por uma mistura de bile e lágrimas, meu irmão correu para o banheiro enquanto eu me permitia cair em um torpor etílico, meu cérebro semiadormecido buscando apreender a gravidade do que eu havia acabado de fazer.

Nunca mais dividi um quarto de dormir com meu irmão.


6 comentários:

  1. Puta que pariu!
    Que nojo, Tosca!
    Ele perdoou vc? Eu n seria tão boazinha assim!
    rsrsrsr

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  2. Putz!! Quem nunca fez isso com alguém??? Mas minha irmã mais nova teve sorte.. já meus amigos kkkkk
    Nojo..

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  3. Agora eu sei porque Thiaguinho foi pra Hawai! hehehe

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  4. É um palhacito mesmo.

    Ass: Mauro, o galhofeiro com piada interna.

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  5. Quem participou desse imprensadinho?

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  6. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKkk se bem q eu faria isso pa ver se o primogenito sai do meu quarto

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Vai, danado, reclama!