quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Histórias que os homens contam, parte IV ou A triste história de Ataulfo






Ataulfo era um rapaz normal, saudável, bem apessoado, estudioso e possuía apenas dois vícios: videogame e mulheres. Sim, Ataulfo não era uma pessoa original, mas nem por isso menos feliz. No início dos anos 2000, a febre no Recife eram os cybercafés que se espalhavam pela cidade como vírus eletrônicos, com jogadores de todas as idades se agrupando em clãs que se digladiavam virtualmente em espetáculos repletos de violência, morte e pizza barata. Uma dessas casas era, inacreditavelmente, frequentada por um limitadíssimo e altamente específico público feminino, sempre nas madrugadas, horário em que as meninas, entre um cliente e outro, apareciam para relaxar das agruras da lida diária, ou melhor, noturna. Ataulfo, que já era velho demais para ter hora de ir para a cama, porém muito jovem para ter alguma responsabilidade concreta naquela altura da sua vida, era assíduo dessas noitadas, em uma época em que ver uma garota, independente de sua linha de trabalho, estraçalhando seus amigos no Counter Strike era o equivalente a comparecer ao folclórico enterro de anão, só que todas as noites. Empreendedor, Ataulfo tomou coragem e propôs, junto ao proprietário da Lan House, uma pequena festa com as coleguinhas. Um diminuto e seleto grupo de sócios foi formado e a tertúlia marcada para a madrugada seguinte, quando a casa, excepcionalmente, fecharia suas portas para uma “manutenção preventiva”.



"Qual de vocês é o técnico de rede...?"



Já antevendo as indizíveis aventuras sexuais que faria parte naquele dia, Ataulfo decidiu não fazer feio e adquiriu um produto próprio para o afobados e aqueles que desejam fazer seu desempenho render por períodos de tempo não naturais: um espécie de anestésico em aerossol, com o objetivo de diminuir a sensibilidade do homem e aumentar, digamos, seu tempo de vida útil durante o ato. Na noite marcada, lá estava Ataulfo ao lado dos seus amigos, partidas de Unreal Tournament entremeadas por desinibidas demonstrações de afeto por parte das meninas da noite. Quando sentiu que a celebração se aproximava do seu ápice, Ataulfo correu para o banheiro levando sua arma secreta. Um tanto nervoso, leu as instruções do produto, ansioso para retornar à festa. O rótulo afirmava que a aplicação era local e que duas doses do spray bastariam para atingir os resultados anunciados.

Ataulfo aplicou 27 vezes.

Na ânsia de entrar para a história das Lan Parties recifenses como um verdadeiro maratonista sexual, Ataulfo exagerou na dosagem. Tanto que, quando o anestésico fez efeito, perdeu não apenas a sensibilidade de sua bilola, mas também de toda a região da virilha e de boa parte de ambas as pernas. Se arrastando pateticamente para fora do banheiro, conseguiu, com muito esforço, se posicionar de forma mais ou menos digna sobre uma poltrona. Por mais que se concentrasse, simplesmente não conseguia comunicação alguma com sua pitoca, que estava, literalmente, dormindo em serviço. Uma das garotas se aproximou de Ataulfo, que engoliu em seco e, pela primeira vez me sua vida, desejou com todas as forças estar a quilômetros de distância de qualquer mulher.

- Ataulfo, é hoje...vai, mostra quem é que manda nesse jogo...

O pobre rapaz se esforçou até sentir lágrimas escapando dos olhos. Desesperado, encarava raivosamente a própria região pélvica, esperando desenvolver subitamente alguma disciplina Jedi que o fizesse levantar, com a força da mente, aquele amontoado de carne morta. Nada. Frustrada, a garota perdeu a paciência e resolveu partir para a ignorância.



"Braguilha de botão? Quem diabos usa braguilha de botão?!"



- Ataulfo, deixa da tua frescura! Tá todo mundo pelado aqui. Tira essa calça agora, vai!

- Não! Pelo amor de Deus, não!

A menina arrancou, com a maestria que a profissão exige, as calças amarrotadas de Ataulfo. Ao ver aquela protuberância mole apontando tristemente para o chão, a moça virou-se para os outros participantes da festa e sentenciou a plenos pulmões:

- ATAULFO É UM RÔLA DE BORRACHA!

Quando, depois de três dias de angústia e pensamentos suicidas, ele finalmente sentiu uma tímida ereção acarretada pela tradicional, embora largamente subaproveitada, tesão da mijada matinal, Ataulfo chorou. Já o apelido, Rôla de Borracha, pegou na mesma hora e o acompanharia pelo resto de sua vida amargurada.

Essa história, ninguém o deixaria esquecer.


3 comentários:

  1. UAHUAHUAHUAHUAHAUHAU

    porra agora eu fiquei com receio de acompanahr os dois garotos da tirinha do video game na esperança de rolar um menage... =P

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... tu és uma alma sebosa de um gato morto, fredo.
    "Vai, danado, reclama!"
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Na verdade, o apelido deveria ser rôla de cordão molhado, uma vez que existem borrachas duras.

    Ass: Mauro, o galhofeiro que põe apelidos

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Vai, danado, reclama!