segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Histórias que os homens contam, parte III




Existe apenas um aspecto de sua vida sexual no qual o homem se sente mais ou menos livre para aumentar ou, dependendo da ingenuidade da sua plateia, criar histórias tão fantásticas quanto absurdas: sua performance na cama. Evidentemente, a veracidade do boato pode ser confirmada junto à companheira (ou ao companheiro) de aventuras do historiador em questão, mas as pessoas raramente chegam ao ponto de interrogar os participantes dessas singelas ficções eróticas. Preferem, ao menos no caso do público masculino, elaborar situações ainda mais estapafúrdias, perdendo por completo o senso de ridículo simplesmente com o intuito de contar vantagem e angariar um módico de respeito junto aos seus pares. É relativamente comum entreouvir, em uma mesa cheia de machos, afirmações desse porte:

- Vocês tão é por fora! Peguei a doida ontem, levei pro motel, dei três seguidas e só não rolou mais uma porque o tempo acabou!

Os companheiros ao redor meneiam suas cabeças com gravidade e aprovação.

- Isso não é nada! Arrastei a nêga lá pra casa ontem, meti a noite toda e ela ainda gozou dezessete vezes! Dezessete! Fora os múltiplos!

Boquiabertos, os amigos saúdam o narrador. Uns ensaiam palmas circunspectas, outros erguem uma das sobrancelhas questionando a veracidade do relato.

- Bando de incompetentes! Arriei a madeira em três só ontem! Ao mesmo tempo! Não me perguntem como, mas eu consegui! E elas todas se pegaram loucamente na minha frente! Bem na minha frente!

- Bem, isso realmente é impress...

- E eu já contei que eram todas da mesma família? Sim! Filha, mãe e avó! Avó! HAHAHAHAHAHAHA! Quero ver alguém superar essa! Ah, dona Teresa, que saudade daquele pão de ló, viu...

Trêmulos, os demais convivas se levantam da mesa, alguns tropeçando de pura indignação. Aproveitam-se do estado semi-catatônico do último contador de histórias, perdido em recordações de dona Teresa e seus dotes erótico-culinários, para escapar de mansinho, ao mesmo tempo em que pedem a Deus e a todos os santos que nada daquilo seja verdade.

Eu mesmo já havia presenciado um desses trovadores sexuais em ação. Alguns anos atrás, um aluno meu confidenciou-me, sem o menor estímulo da minha parte, suas aventuras do último final de semana. Depois de discorrer por minutos acerca dos invejáveis dotes físicos de sua companheira, lançou a bomba:

- E nesse dia, teacher, foram nove. Juro pela fé de Abraão.

Aquela revelação fez meu queixo cair e minhas nádegas se contraírem de terror. Por puro instinto de autopreservação, detectei o local da parede onde se encontrava a viga de sustentação, feita de aço sólido. Lá, aterrorizado com a perspectiva de ser atacado por aquele selvagem e passar a fazer parte de suas estatísticas desumanas, encostei meus glúteos tensos e refleti sobre o que poderia haver de verdade naquela história. Os homens, convenhamos, funcionam de um jeito diferente das mulheres. O orgasmo é capaz de exaurir tanto eles quanto elas, mas o macho, ao menos quando originário do planeta Terra, precisa de algum tempo para se recompor. E tem seus limites. Chega uma hora em que nada mais fica de pé, por mais que se estimule. Se bem que é difícil imaginar uma mulher que já não esteja satisfeita lá pela terceira ou quarta, a não ser que as primeiras tenham sido muito mal dadas. Coisa que, infelizmente para todos os envolvidos, acontece com bastante frequência. É por isso que alguns homens, ansiosos em levar suas companheiras à plenitude do prazer, chegam a extremos que, no pior dos casos, pode deixar suas vidas em risco e no melhor, fere de morte sua dignidade. 

A história que será contada no próximo post ocorreu com um rapaz que, por motivos legais, será chamado aqui de Ataulfo.


Um comentário:

  1. Ôxe! Uma vez eu peguei uma...
    A quem estou querendo enganar.

    Ass: Mauro, o galhofeiro

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Vai, danado, reclama!