quarta-feira, 23 de junho de 2010

É tudo pelo salário I




O professor de Inglês suspira e olha, desanimado, para sua turma de crianças, quase bebês, com idade entre 2 e 3 anos. Todos fofos, lindos, umas graças. Sente vontade de se atirar pela janela. Não gosta de crianças. Não sabe lidar com elas, não se sente confortável perto delas e só está ali substituindo um colega que convalescia de um caso grave de hemorróidas. Possuía a firme convicção de que as pessoas deveriam nascer adultas, alfabetizadas e, se não fosse pedir demais, com um conhecimento básico de Excel. Estava certo de que um dia a ciência iria proporcionar formas de amadurecimento acelerado intra-uterino, mas até lá, alguém tinha que se ocupar da educação dos mais jovens. Naquele ocasião, seria ele.
Respirou fundo e tratou de se acalmar. Não era, afinal, tão ruim assim. Crianças muito pequenas ainda não aprenderam a ler e escrever, então tinha apenas que fazer os bebês associarem algumas palavras em Inglês com figuras correspondentes. Sendo época de Páscoa, o vocábulo era, claro, Bunny.
O professor aponta para a figura de um coelho sorridente carregando uma incongruente cesta cheia de ovos coloridos e fala “Bunny!”. 17 pares de olhos infantis se fixam na imagem apresentada e algumas das crianças começam a articular palavras. “Coelhinho”, fala uma delas. O professor suspira. Não, “Bunny!”. Confusas, as crianças insistem na definição passada pelos seus pais. “Coelhinho”, balbucia uma. “Coelhinho”, gagueja outra, imitando a  primeira. Como um vírus, a palavra se espalha entre os infantes, que logo passam a repetir, incessantemente, o vocábulo em português.
“Coelhinho”, “Coelhinho”, “Coelhinho”, “Coelhinho, tio!”.
Assustado, o professor percebe que, caso não haja com rapidez, terá um verdadeiro motim em mãos. Passou a vista por aquele mar revolto, composto de marias-chiquinhas coloridas, chupetas úmidas e narizes escorrendo, sentindo um princípio de pânico. Precisava contra-atacar, imediatamente.
Felizmente, possuía um plano de contingência.

6 comentários:

  1. Cadê o restante do ocorrido...só faz isso pra deixar a gente na expectativa né?! hum

    =*

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  2. Qual, qual, quallll???

    A curiosidade ainda me mata!kkkk

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  3. Engraçado, eu passei por uma situação semelhante. Porém você era o prof, ou melhor, o tio, e eu a aluna gaga! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    (Avacalho logo, mesmo que seja contra mim mesma)

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  4. Hahahaha, as pestinhas até que são simpáticas TIO!:P

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  5. Devo confessar que adoro crianças. Mesmo! E geralmente elas também me adoram. Acho que é meu odor. Mas deve ser de família. Os pirralhos sempre gostavam da companhia do meu pai, mesmo sem ele fazer qualquer esforço para conquistá-los. Bastava ele ficar numa rede, semiacolizado, lendo algum jornal ou revista que os guris (meus sobrinhos) vinham pular em cima dele. Vai entender.

    Ass: Mauro, o rei da galhofa que vai abrir uma creche.

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  6. Qual foi o plano, tio?
    Me conta, vai!!!
    hauha

    Coelhinho, coelhinho, coelhinho...

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Vai, danado, reclama!