sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sexta-feira dos convidados: Texto roubado é mais gostoso!



Cabe aqui uma explicação para o texto de convidado dessa sexta-feira. É que ele vem do blog Vai faltar ventilador, da amiga e publicitária Karina Nobre. Se algum de vocês resolver visitar o link, vai logo perceber que não há atualizações desse Novembro do ano passado, uma vez que a autora encontra-se atolada até os cachos loiros em trabalho. Pelo mesmo motivo, meus pedidos de um texto original foram ignorados, o que me motivaram à uma ação drástica: roubar uma história de Karina e publicar à revelia, mas tendo sua irmã, Déa, como cúmplice. É, aquela da história do cachorro cagão. Sim, é cosia de família mesmo. Assim sendo, deixo vocês com não um, mas dois pequenos textos da Lôra, como é conhecida entre os amigos, onde ela demonstra com bom-humor a experiência de ir morar fora do seu estado de origem.
PS – Os textos vão em seu formato original, exatamente como foram publicados pela autora em seu blog.




no mundo inteiro, deve haver pouquíssimos lugares com fauna tão rica quanto são paulo. basta andar na rua e você nota que por aqui trafegam livremente seres das mais variadas espécies, ou como diria minha amiga dayana, pessoas humanas de todos os tipos. é fantástico. desde que amarrei meu jegue aqui em sampa, posso dizer que já vi de um tudo. já vi cearense descendente de alemão, filho humilde de carioca com argentino, judeu desapegado de bens materiais, casal careta de pernambucana com jamaicano, maranhense que nasceu na Itália (hein?), trabalha no amazonas e vive em dubai, bahiano workaholic, japonês com sotaque de gaúcho, e até acreano dizendo que existe. digaí que muderno.

essa cidade tem de tudo. ou melhor, quase tudo. porque tem um espécime raro, bem dizer extinto dos núcleos sociais vulgares, que ao vivo, assim de pertinho mesmo, eu nunca vi não. você por acaso conhece algum paulistano puro? sim... paulistano puro, ariano, daquele que nasceu, cresceu, estudou e passou férias em são Paulo. tem não truta. e se tem, alguém por favor me diga onde essas pessoas foram parar. fico achando que todos eles estão presos num engarrafamento qualquer na marginal tietê, buzinando loucamente. nos fins de semana, eles devem ficar todos entulhados nas arquibancadas do pacaembu, ou correndo em círculos no ibirapuera. ou nas filas de restaurantes caros. aliás, em qualquer fila. dizem que paulistano adora uma fila... eu, como boa pernambucana que sou, morro de medo de fila. e, cá entre nós, também temo pelo dia em que cruzarei o caminho de um paulistano puro. sei não... não se pode esperar atitudes equilibradas de alguém que nunca apanhou brincando de cuzcuz, nunca catou tatuí na areia da praia, nunca chamou a mãe do melhor amigo de puta velha e nunca saiu pra brincar e voltou com o pedaço de pixe colado na orelha. sabe o que eles fazem no verão? põem uma bermuda, um tênis e saem por aí com a meia esticada na canela.


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os apelidos que os paulistanos dão aos seus queridíssimos amigos e colegas de trabalho, definitivamente, não funcionam como ferramenta facilitadora da comunicação. a fá, a rê, a la, o ma, o ri, a ju, o gu... são sempre monossílabos, sempre uma redução simples do seu primeiro nome. prático né? não. o problema é que, infelizmente, só existem 26 letras no alfabeto e, dentre elas, algumas tem fonética igual ou muito parecida. você tem que ter ouvido de tuberculoso pra saber se estão chamando a na ou a ma. e quando acontece a situação altamente improvável, a terrível coincidência, de haver duas pessoas com o início no nome igual? aí complica.

imagina só você, que se chama marieta, e trabalha com uma moça chamada maria. é ma pra cá, ma pra lá, e você para o tempo todo pra ver quem está te chamando e, lógico, nunca é com você. sua vida vira um verdadeiro inferno, sua produtividade cai, seu chefe pergunta se você está com problemas em casa. tudo porque aqui, na capital mundial da criatividade para apelidos, não interessa se você se chama carolina, camila, kátia, cassandra ou caceta, você sempre (eu disse sempre) será reduzida a uma sílaba. ca. ou ka, dá no mesmo. pois bem.. acontece que, por uma desgraça do destino, a recepcionista aqui da agência foi embora. a fê. e adivinha só quem entrou no lugar dela? a ca. eu adoro a ca, ela é muito melhor que a fê, só que a desgraçada fudeu com minha vida. eu era feliz e não sabia.


Por Ana Danos Morais

4 comentários:

  1. kkkkkkkkkkk

    já tinha lido esses textos de Karina. Muito bons! :-D

    De toda forma, eu me proibi de ficar lendo teu blog no trabalho Frederico... Ficar gargalhando alto durante o expediente pega mal, inclusive no funcionalismo público. o.O

    bjo pra tu!

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  2. E essa miscigenação, hein?Ri bastante da forma como você escreveu...é bem isso mesmo!Adorei seus textos.:P

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  3. eu sou suspeita pra falar, né??
    irmã num vale!
    ;****

    frederico, frederico...
    saudade de tu!
    Déa.

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  4. Estou aqui me contorcendo de rir! muito bom o texto! bjusss

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Vai, danado, reclama!