sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dá pra comemorar?



Pernambuco é a nova locomotiva do Brasil, puxando a economia do país principalmente através dos seus investimentos no estaleiro e no Porto de Suape, junto com as indústrias ao redor. Tem índices de desenvolvimento comparáveis aos da China, só que sem empregar criancinhas na linha de montagem para baratear os custos. Pelo menos, até agora não se achou nenhuma. Talvez porque elas já tinham sido processadas e viraram argamassa para alguma construção indefinida. Mas enfim, eu divago, inescapavelmente. O crescimento. Este crescimento acelerado que é motivo de orgulho para os pernambucanos e de esperança para os brasileiros em geral, já que simboliza uma economia madura e capaz de absorver, gradualmente, uma força de trabalho cada vez maior. Tudo isso é muito supimpa, né?


Não, não é.

Pelo menos, não da forma como a coisa está sendo feita. Não me levem a mal. Bairrista que sou, quero mais é ver Pernambuco no topo da economia nacional e todo mundo muito bem empregado. Até porque, só assim vou parar de ser assaltado toda vez que vou comprar pão doce na padaria. É vício. Enfim, o problema é que, no meio dessa empolgação toda acerca do renascimento da indústria do estado, andam passando por cima de umas besteirinhas que poderiam atrasar um pouco a coisa. Tipo, um estudo do impacto ambiental desses projetos todos. Suape fica em uma área de mangue essencial para a manutenção do ecossistema local, além das populações de pescadores que há gerações vivem do que se pesca naquela área. E já se prevê o desmatamento de uma área de mangue equivalente a...


...calma. Deixa eu verificar aqui, deve ter algum erro. Hmm. Hmmmmhmmm. Não. É isso mesmo, tá tudo certo.

Equivalente a 508 campos de futebol. O setor de Engenharia Ambiental daqui do Blog da reclamação, em colaboração com o de Esportes, realizou esse estudo e confirmou o número. Eu sei, porque eles levaram a única trena que tinha aqui no escritório. Mas você não precisa acreditar na gente.

Já faz tempo que Suape está em falta com o meio-ambiente, até mesmo legalmente falando. Infelizmente, por mais que a expansão do porto e arredores acelere a economia local, a verdade é que a natureza, no final das contas, fica parecendo mais as plantinhas da minha mãe.




E se você não quer ver os manguezais da região iguais a essa foto aí em cima, cobre maior responsabilidade ambiental, não apenas de Suape, mas de qualquer empresa ou indústria que se instale na sua cidade.
E agora, se me dão licença, vou comprar meu pão doce.
Reclamação sugerida pelo leitor, irmão e presidente do fã-clube de Fortaleza, Saulo Toscano. Aquele da apnéia selvagem. Valeu, Saulinho!

6 comentários:

  1. --


    Cara, vou denunciar tua mãe ao Ibama.


    --

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  2. Está será a maior devastação de toda a história pernambucana moderna e o maior desmatamento de mangue de todo o Brasil!

    O Governo do Estado sabe dos impactos antrópicos, físicos e bióticos, que isso irá causar a toda população. (Apesar de se fazerem de inocentes) Como por exemplo, possível pioras dos ataques de tubarão nas praias do Grande Recife, a erosão marinha que poderá agravar-se, a perda da biodiversidade no espaço oceânico local – considerando o estuário como berçário de fauna marinha – e o desemprego em que os pescadores e extrativistas locais serão mergulhados.

    Outro detalhe importante do tal "cenário de desenvolvimento socioeconômico" do Estado, que tanto falam por aí, e também deve ser colocado em pauta, é que, as empresas de Suape estão trazendo pessoas de outras regiões e países por falta de mão de obra capacitada em Pernambuco. Quer uma prova? Basta perguntar as grandes construtoras locais, o número de edifícios inteiros já alugados para acomodar os funcionários do Complexo De Suape. Você pode até dizer que Pernambuco ainda está habilitando as pessoas mas, te informo que não são os mesmos indivíduos dos quais eles estão tirando, ou melhor, roubando, seu único meio de sustento, transformando-os em marginais.


    Como subscreveria o Mauro...
    Ass: Gê a garota motosserra. (Passarei a motosserra é no pau deles, já que gostam tanto de derrubar o pau alheio)

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Ah! A boneca de macumba que aparece dando entrevista no vídeo, da mesma matéria disponibilizada aqui no blog, Ana Paula Pontes, superintendente do IBAMA, foi exonerada do cargo e a nota veio diretamente de Brasília. Motivo pelo qual ela liberou o desmatamento em Suape, sem mesmo exigir compensação ambiental. Como se houvesse compensação pra isso né!

    Como não poderia ser diferente o IBAMA deu um esclarecimento ridículo ao caso.

    Cheiro pra tu, visse!

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  5. Bom, pra começar, só com uma imprecação: é foda mesmo! O impacto ambiental sempre irá existir conjuntamente com o desenvolvimento. Mas, e a responsabilidade? Aí é que a porca torce o rabo. O impacto tem que ser mínimo e responsável. Cadê a questão da sustentabilidade? Acho válido o esforço que Lula está fazendo para colocar o Brasil exposto aos olhos do mundo, mas o governo tem que prestar mais atenção ao país mesmo, como neste caso aqui colocado. E relembrando: o que vai fazer a diferença para qualquer tipo de desenvolvimento são investimentos em educação. Se assim fosse, teríamos menos criminalidade (Fred poderia comprar seu pão doce sem problemas) e mais mão-de-obra qualificada (o que corrigiria esse lance de trazer gente de fora pra trabalhar aqui).
    Agradeço a Gê pela lembrança e assino:

    Mauro, o homenageado.

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  6. Se na situação atual o Tubarão já vem buscar o banhista na beira da praia, com mais esse crime ambiental o bichinho vai comer a gente na rua mesmo. Vamos ter que ficar ainda mais atentos no trânsito. RECLAMAR É PRECISO!

    Saulo Toscano
    Fã-Clube Blog da Reclamação - Fortaleza

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Vai, danado, reclama!