segunda-feira, 26 de julho de 2010

Decadência humana, parte II: fom-fom




Tenho que admitir que o cara era eclético, pelo menos. Do batidão eletrônico, passou desavergonhadamente para o brega rasgado. As pessoas se remexiam irrequietas na fila mas eu até sorria, perdido no meu mundo interior onde eu assassinava o motorista da caminhote seguidas vezes, de formas criativas e, muitas vezes, escatológicas. O sujeito finalmente terminou de fazer o quer que os imbecis congênitos fazem em uma padaria e voltou para o seu veículo. Um sentimento de alívio coletivo se espalhou por todo o ambiente e parecia que tudo ia acabar razoavelmente bem, até que uma mulher vestindo um short, sem dúvida emprestado da sua filha de 5 anos de idade, passou pela calçada. O retardado da caminhonete, que já estava saindo, quase estancou o veículo e, com os olhos semi-cerrados e a língua pendendo pelo lado direito da boca distorcida, ele fez fom-fom.

Fom-fom.

Ele não buzinou. Não, buzinar é uma coisa, fazer fom-fom é outra. Não me importa que tipo de educação você recebeu ou em que parte do planeta Terra você mora. Fazer fom-fom é errado. Fazer fom-fom é anunciar para o mundo que o sua existência é uma piada cruel da natureza, um aborto sem sucesso cujo DNA, segundo as leis de Deus e do homem, deveria ser destruído e lembrado apenas como um aviso tenebroso acerca dos recessos mais baixos e doentios aos quais o ser humano pode chegar. Fazer fom-fom é como sonhar com a própria avó e acordar de pau duro. Mesmo você sendo mulher. 

Simplesmente não se faz.

Um comentário:

  1. Cara, me recuso a participar dessa última enquete. Tendenciosa demais...

    De resto, keep it up, muddafucka.

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Vai, danado, reclama!