sexta-feira, 12 de março de 2010

Coisas de mãe


Tu acha que tua a mãe é avoada, alesada, distraída e, de maneira geral, fora de sintonia com a realidade que o resto de nós vivencia em nossas vidas diárias? Não se sinta só. As mães têm uma capacidade ímpar de gerar histórias absurdamente constrangedoras baseadas em pura falta de atenção. Eu, por exemplo, detestava (e ainda detesto) quando minha mãe quer falar meu nome, esquece qual é (carai, eu sou filho, pô) e, não satisfeita, ainda desfia uma lista de nomes que, aparentemente, têm mais prioridade no pensamento dela do que o nome do próprio filho. Tipo assim:
Fred: Oi, mãe, me chamou?
Minha mãe esclerosada: Hmm? Oi, foi, chamei...ô..é...Saulinho, vá lá no...
Fred: É o que, mãe?
Minha mãe esclerosada: ...ô...é...Thiaguinho...não, Victor, não, Daniel, er...Cadinho, Rodrigo, Dudu, Marquinhos, Riquinho, Vital, Bonifacio, Leonardo...
Fred: ...
Minha mãe esclerosada: ...Astrogildo, Kleybson, Wadislelson, Michael Jackson, Alice, Mariana, Renata, Carol, Guiodai...
Fred: Porra, mãe! É Fred! Tu que me deu esse nome, cacete!
Mas isso é o de menos. Distraída é a mãe de Mércia, amiga minha que, gentilmente, resolveu compartilhar essa reclamação materna conosco. Aconteceu em Caruaru, Mercita ainda era uma criança branquela e trelosa que resolveu brincar com o irmãozinho daquele velho jogo infantil de “Me empurra na calçada até minha cabeça bater no meio-fio e o sangue escorrer”. Vocês todos já brincaram disso, tenho certeza. Daí, alguém leva Mércia pro hospital e avisa a mãe dela do ocorrido e ela sai correndo feito louca de onde tava pra ir cuidar da filha. Chegando no hospital, acha lá a criança, com a cabeça enfaixada, a blusa suja de sangue e começa a ajeitar, dar carinho, limpar o nariz, abraçar, beijar. Daí chega a enfermeira pra liberar:
Enfermeira: Ah, que bom que a senhora chegou!
Mãe de Mércia: Ai, nem me fale, minha filhinha, bichinha, toda arrebentada, mas já vou levar ela pra casa.
Enfermeira: Tá certo, dona Zezé, só preciso que a senhora ass...
Mãe de Mércia: Zezé? Meu nome não é Zezé.
Enfermeira: Mas foi sua filha que diss...
Mércia: Mãe, eu to aqui, na outra sala!
Mãe de Mércia: ...
Enfermeira: ...
Criança avulsa: ...
Constrangedor? Podia ser pior. Uma vez a mãe de Mércia pegou um vestido dela e, distraidamente, começou a vesti-lo na filha, estranhando que estava um pouco apertado. Foi apenas quando o irmão de Mércia gritou “Mãe, eu sou menino, pô”, que ela percebeu que algo estava terrivelmente errado, mas não exatamente com a roupa.
Pensando bem, vou parar de reclamar quando minha mãe erra meu nome. Poderia ser muito, muito pior.

Um comentário:

  1. Minha mãe SEMPRE, SEMPRE trocas os nomes. De pessoas, filmes, lugares, coisas, etc...

    Por exemplo, eu e Isa já nos acostumamos a responder "trocado". Quando ela chama Isa, sou eu, e quando chama Natha, é Isa. A gente sempre acerta quando faz isso... o.O

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Vai, danado, reclama!