terça-feira, 27 de julho de 2010

Vida de estagiário, parte I




O trabalho enobrece o homem, o estágio o traumatiza. Prova disso foi um dos meus primeiros dias trabalhando na Vigilância Sanitária do Recife, alguns anos atrás. Lá, é comum os estagiários acompanharem os inspetores nas visitas aos estabelecimentos comerciais que ficam sob sua jurisdição. Não só restaurantes, lanchonetes e afins, mas também clínicas, creches, escolas e salões de beleza. Naquela vez, fomos parar em frente à uma casa antiga, de fachada sóbria e arquitetura portuguesa, bastante comuns ainda lá no bairro da Boa Vista. O inspetor, que parecia já conhecer bem a equipe de funcionários, foi entrando com desenvoltura e cumprimentando a todos, enquanto eu tentava adivinhar que tipo de serviço era oferecido por aquele lugar. Como é comum nesse tipo de edificação, o local era muito maior por dentro do que parecia ser por fora. 

Passávamos por salas e mais salas, cada uma com uma função específica. Ao notar alguns apetrechos capilares em um dos ambientes, arrisquei “Então isso aqui é um salão de beleza?”. “Também”, respondeu o inspetor, com um sorriso malicioso. Avistei o que pareciam ser pequenos quartos, com almofadas e espelhos nas paredes. “Um motel?”, perguntei, já perdendo um pouco da minha ingenuidade. “Não deixa de ser”, replicou meu colega, rindo baixinho. Encontramos o gerente, que sorriu educadamente e me saudou:

- Bem-vindo à Sauna! 

- Sauna? Que tipo de sauna? – perguntei, olhando ao redor, desconfiado.

- Gay. Bem-vindo à Sauna Gay. Primeira vez por aqui?

- Claro que sim! O que você quer dizer com isso? – questionei, com mais agressividade do que o necessário.

- Nada, nada. É que passa muita gente por aqui, sabe? – respondeu tranquilamente o experiente funcionário.

Muito profissional, o homem foi nos mostrando os diferentes ambientes. Eu observava tudo com uma curiosidade enorme, um tanto espantado de ver as entranhas de uma sauna voltada para o público homossexual daquela forma, em plena luz do dia, com seus funcionários realizando as tarefas mais prosaicas, como limpar o chão ou preparar os petiscos da noite. Entramos em um dos cubículos, que consistia basicamente de uma pequena televisão fixada em uma das paredes coloridas, uma almofada e uma espécie de cama, minúscula, colada à parede oposta. 



- Hmm. Então é aqui que...é aqui que os clientes...bom...vêm se conhecer melhor?


- Aqui? Não, não. Eles se conhecem lá na frente, no salão, ou então na piscina.

- Certo.

- Aqui eles vêm pra meter mesmo.

- Ah, tá. Bom saber. Hmm. Meio apertado, né?

- Ah, meu filho...eles sempre dão um jeito. Por exemplo...tá vendo essa almofada aí atrás de você?

- Opa, essa aqui? – perguntei, saltando agilmente na direção oposta ao do objeto suspeito.

- Essa. Pronto. É nela mesmo. Fica um assim, de cócoras e o outro...

- Beleza, beleza! Já entendi, deu pra visualizar. Valeu aí.

E assim fomos seguindo, com o gerente fazendo as vezes de guia turístico, explicando exatamente as funções de todos os diferentes tipos de quarto. Eu, tentando agir naturalmente, enquanto o funcionário me cobria de detalhes não solicitados, muitos deles envolvendo intensa gesticulação. Já estava um tanto perdido, quando passamos para o segundo andar.

E ali, o que eu vi me deixou boquiaberto.

6 comentários:

  1. kkkkkk....e imaginar que foi tudo real.... e que ainda tem mais pela frente....kkkkkkk


    =*

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  2. hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahhahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahha
    (paro pra respirar e ver se a barriga pára de doer...)
    Véi, não tem nem o que comentar!
    Daniel

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  3. ei, po... sai quando essa continuação aí?
    eu vou viajaaaaar!
    Déa.

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  4. kkkkkkkkkk
    continua logo o texto...to curioooooosa demais!
    :P

    Uma forma de diminuir a concorrência e escolher quem realmente aspira a uma vaga no nosso laboratório é a limpeza do nosso gatil...é um divisor de águas...no início todos sonham em trabalhar com os bichanos desde criancinha, após a experiência muitos até mudam de curso!hehehe.:P

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  5. Pô, é mais ou menos como eu lembro!!! Quer dizer... erh... mais ou menos como me disseram que era! Heheheh. Anh. Tá frio, né?

    Ass: Mauro (droga, não era pra dizer, carái).
    Ass: Zânio!

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Vai, danado, reclama!